Relações Doentias e Sofrimento Psíquico

Por  Kelly Guimarães Tristão

Nota: Texto produzido com base na palestra “Relacionamentos Doentios e Transtorno Mental”, apresentada na I Jornada Junguiana da Multivix(11/06/2016), com o tema “Psicologia Analítica e suas implicações na contemporaneidade

Quando pensamos na temática dessa conversa, antes de mais nada precisamos esclarecer “que tipo de relação estamos nos referindo?” Podemos falar sobre relações parentais – ou com outros membros da família; podemos falar sobre relações amorosas; podemos falar sobre relações com objetos – tais como o próprio trabalho, drogas, comida, algumas atividades que realizamos. E podemos falar de relações consigo mesmo.

Vamos perceber que algumas vezes essas relações se intercruzam, e algumas outras, até se confundem. Então podemos observar, por exemplo, relações amorosas onde o outro é tido como um objeto, ou sobre o outro é direcionado uma projeção da relação parental. Logo, uma relação que se constrói de forma desordenada – seja qual relação for – pode se constituir como uma relação doentia e, podendo ser condutor para a construção de um sintoma, e em alguns casos, ser um dos disparadores para um sofrimento psíquico mais grave, como um transtorno psiquiátrico.

Quando acompanhamos famílias de sujeitos em sofrimento psíquico grave num processo de psicoterapia familiar, por exemplo, percebemos o quanto a dinâmica familiar, ou seja, os relacionamentos que se estabeleceram e se estabelecem entre os membros dessa família encontram-se fragilizados. Por vezes atribui-se ao sujeito em sofrimento psíquico a causa dessa fragilidade, mas quando investigamos mais a fundo, percebemos que a crise do sujeito, trata-se também da crise da família: uma família que já se encontra em sofrimento, uma família que não consegue desenvolver uma comunicação apropriada entre os seus membros, uma família onde relações de poder muitas vezes se sobressaem às relações afetivas, às relações de cuidado. A crise do sujeito muitas vezes é também o sintoma da família, entretanto, em diversas ocasiões a crise do sujeito, é a oportunidade para que uma mudança naquele contexto possa ser realizada. O sujeito está impregnado do contexto social – familiar –  ou seja, ainda que olhemos num primeiro momento somente para o indivíduo, teremos que olhar para o familiar também.

 O indivíduo precisa, sim, ter a possibilidade de aprender a lidar com seu sofrimento, com as questões familiares e com suas próprias questões, mas muitas vezes, essa crise vem falar de uma paralização em um processo do desenvolvimento do sujeito.  Para entender um pouco isso, precisamos compreender, numa visão da Psicologia analítica, um pouco como dá o desenvolvimento psíquico, em especial como se dão as dinâmicas matriarcais e patriarcais no desenvolvimento do EGO, e Erich Neumann nos dá um norte bastante interessante para essa questão (1993).

Sabemos que o tempo de desenvolvimento humano dentro do útero gestacional é relativamente curto para sua capacidade cerebral, em especial para a construção do EGO, especialmente se comparados a outros mamíferos. Assim, poderíamos compreender que após o parto o bebê encontra-se ainda numa fase que Neumann denominou de Fase Uterina, como se a gestação continuasse acontecendo, ainda que fora do útero materno. É próprio dessa fase que todas as experiências vivenciadas pelo bebê sejam contidas por essa unidade mãe-filho. Assim, é como se a totalidade do mundo dessa  criança fosse a própria mãe, por isso não há uma percepção de separação ainda. A essa relação inicial damos o nome de RELAÇÃO PRIMAL, conforme Neumman (1992)

Se a relação construída a partir de confiança, sustentação e amor da mãe, ela permitirá um espaço adequado para o desenvolvimento egóico de forma integral. É preciso considerar, antes de seguirmos, do que estamos falando por “mãe”, e para isso eu vou me apropriar de uma ideia Winnicottiana de “ambiente” (Winnicott, 1983). Temos que entender que quando falamos na relação com o materno, não estamos falando necessariamente de uma mãe. O arquétipo materno, em nossa cultura, usualmente se humaniza na figura da mãe, mas não é exclusiva a ela. Por isso, muitas vezes nos referimos, ao invés de mãe, ao ambiente. Ou seja, aquele que propicia um espaço de desenvolvimento para o sujeito. E podemos questionar se esse ambiente, ou essa mãe foi “suficientemente boa”. Ou seja, se ela ofereceu a ele nutrição, afeto e suporte, mas se ele falhou também…se ele começou a permitir espaços para que esse sujeito não tivesse um excesso de cuidados, sem antes desejar tais cuidados, e consequentemente tivesse que lidar com a própria frustração também.

O desenvolvimento natural do bebê implicaria num aumento gradual da consciência. Inicialmente, esse desenvolvimento se manifesta através das distinções entre sensações do corpo, favorecem a aproximação do indivíduo com a experiências externas a essa ligação primal, que daria início a separação do Ego do inconsciente. (NEUMMAN, 1992).

A medida que esse desenvolvimento do ego vai evoluindo, percebe-se uma distinção da unidade mãe-bebê, balizada pelo dinamismo patriarcal, especialmente a partir dos estabelecimento de limites. A criança, a partir desse momento, pode perceber o ambiente de forma diferenciada de si mesmo, quais seriam os limites do próprio corpo, e isso é o primeiro limite com que o bebê precisa aprender a lidar. Assim, a dinâmica patriarcal oferece ao ego a possibilidade de desenvolvimento de questões relacionadas ao limite, a organização, a direção. (NEUMMAN, 1992)

Tanto no diz respeito ao dinamismo pautado no arquétipo da mãe, como no do pai, o Ego pode atuar de forma passiva ou ativa no que tange à relação com EGO-OUTO. “Enquanto em um primeiro momento sofremos passivamente a experiência de sermos cuidados, protegidos e orientados, em um segundo momento desempenhamos ativamente o papel de cuidar, proteger e orientar. (SILVEIRA FILHO, 2002, p. 52).

“Quando os pais proporcionam à criança uma base de atuações seguras, isso determinará a capacidade da criança para estabelecer, na idade adulta, laços afetivos seguros. Quando os pais frustram ou gratificam em excesso as necessidades arquetípicas básicas para o desenvolvimento, surge uma criança ansiosa, insegura, que vivencia a si mesma como carente de confiança, tímida, inadequada e incapaz. Muitas vezes apresentam dificuldade para manter relações duradouras e, diante de situações de estresse crônico, desenvolvem transtornos de ansiedade, fóbicos e depressivos”.  (LAUREIRO, 2011, p. 208).

O dinamismo matriarcal é regido pelo Arquétipo da Grande Mãe, que se exerce através do desempenho de uma atitude de carinho, cuidado e proteção – relaciona-se com o princípio de preservação e sobrevivência. Um aspecto negativo desse dinamismo seria no caso de uma hipertrofia do materno, o excesso de zelo e tutela, que dificultariam o sujeito a lidar com frustrações, com o que é novo, por não saber como poderia se portar e o que poderia acontecer se a nova relação desse errada. Em contrapartida, a hipotrofia representaria uma ausência de cuidados. Se falamos que primeiramente o indivíduo assume frente ao cuidado pautado no dinamismo uma relação passiva – de filho da Mãe – é necessário que está se estabeleça de maneira adequada para que ele possa estabelecer uma relação ativa com o cuidado – a constelação da Mãe –  seja pelo cuidado com o outro, seja com o cuidado consigo mesmo.

O dinamismo patriarcal é dirigido pelo arquétipo paterno. Como seus aspectos básicos dizem respeito à orientação e organização, tal dinamismo relaciona-se com as regras e leis  Segundo Silveira Filho (2002) isso relaciona-se ao processo adaptativo de socialização. Uma relação consigo mesmo e/ou com o outro nesse sentido poderia ser guiada por um excesso de normas e consequentemente uma cobrança de si mesmo em demasia, no caso de uma hipertrofia do arquétipo paterno por exemplo, ou uma necessidade que a todo momento o outro o guiasse e orientasse, porque em seu desenvolvimento, não foi capaz de aprendê-lo.

Se houve uma dificuldade em uma dessas fases, e consequentemente uma cristalização do desenvolvimento do sujeito, ele pode por exemplo, projetar essa dificuldade no que tange ao dinamismo matriarcal num relacionamento amoroso, desenvolvendo uma relação de dependência daquele sujeito. Um excesso de cobrança em ser amado, ou uma insegurança em relação aos afetos. É claro que não podemos determinar exatamente como será um comportamento nesse sentido, mas podemos ter um norte para pensar em possibilidades diagnósticas quando investigarmos para que esse sintoma tem se instalado na vida do sujeito.

Um exemplo disso, poderia ser o caso de uma anorexia, onde a mãe representou um aspecto materno de maneira imprópria, e simbolicamente podemos perceber no corpo da mulher anorética o sintoma como sendo um retorno a esse aspecto do desenvolvimento que ficou cristalizado. Ela não se cuida, ela precisa ser cuidada de maneira apropriada para a partir daí aprender a cuidar de si próprio. Muitas vezes não admitimos que precisamos ser cuidados (inclusive por nós mesmos), e o inconsciente nos oferece uma chance de vivenciar e reatualizar esse aspecto do desenvolvimento.

Podemos observar um outro exemplo a partir de uma depressão. Sabemos que a depressão apresenta uma gama de sintomas, desde falta de animo, sono em excesso, sentimento de falta de amor, desde sentimento de impotência e culpabilização de si mesmo, agressividade, insônia, entre outros.  Podemos tentar entender esses sintomas por meio da percepção do dinamismo arquetípico. Uma depressão pautada no dinamismo matriarcal, implicaria em uma dificuldade no que tange  “[…] às estratégias afetivas de adaptação, do sentir-se contido, amado, seguro afetivamente e, em consequência, capaz de alcançar um desenvolvimento afetivo-cognitivo adequado às necessidade de cada individuação.”  (LAUREIRO, 2011, p. 208)

O fato de o sujeito ter o desenvolvimento do ego a priori pautado em uma relação desordenada com as figuras maternas e paternas, não significa que isso será estático, ou seja, que falaremos de uma estrutura. Ao contrário, para evitarmos esse equívoco nomeamos dinamismo arquetípico, que pode ser reatualizado em certas etapas da vida do sujeito, por exemplo, num processo terapêutico. O terapeuta pode servir de ambiente que vai potencializar um lugar seguro onde as transformações necessárias ao desenvolvimento daquele sujeito aconteçam. O mesmo podemos dizer de uma instituição, por exemplo, uma instituição de saúde, ou até uma instituição religiosa.

Muitas vezes, o terapeuta ou esse agente terapêutico,  vai fazer as vezes do ambiente para a reatualização do dinamismo materno, por exemplo, sendo para o paciente acolhedor, dando sustentação para suas escolhas, falhando algumas vezes, no sentido de não atender a toda demanda dele. Para isso, o terapeuta precisa perceber as necessidades e dificuldades do sujeito. Uma relação terapêutica pautada numa necessidade de reatualização do dinamismo paterno, pode oferecer um lugar de organização, de guia…tomando o cuidado para não cair na armadilha de dar ao sujeito pronto todo o processo que ele deve seguir. É importante ressaltar, que no processo terapêutico, isso também pode se modificar, de acordo com lugar de desenvolvimento que o paciente se encontra.

Podemos pensar também na relação com o objeto representado por uma psicopatologia bastante comum em nossos dias. O uso de substâncias químicas….ou como chamamos também, o sujeito com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Falamos assim, porque mais importante do que a droga em si, é necessário compreender a relação que se estabelece com essa e com o entorno a que o sujeito em uso de substâncias psicoativas está adstrito. O que o sujeito busca em sua relação com a droga? Qual a relação que ele tem consigo mesmo, qual a relação pautada no dinamismo arquetípico, humanizado nas figuras parentais, e algumas vezes nas relações afetivas?

Um exemplo simples que estamos acostumados a pensar é que a maior dificuldade do dependente de substância estaria na incapacidade de escolha… “eu escolho parar aqui”. Há uma dificuldade com essa organização, com essas regras (características do dinamismo patriarcal), mas há também, o que é menos abordado pois caímos muitas vezes no julgamento moralizante, uma carência de suporte, de afeto – e esse mundo pouco suportável é substituído pelo mundo mais suportável obtido pelo uso da substância …Ao terapeuta cabe auxilia-lo a perceber quais ferramentas são necessárias para transformar esse mundo pouco suportável (também na ausência de suporte e delimitação) em algo que desse mais satisfação, prazer e segurança para continuar a trilhar o seu caminho.

O inconsciente é sábio…ele nos dá essa chance de trilhar caminhos mais criativos e “seguros” para nós mesmos. Mas se não o ouvimos, se não lhe damos atenção, ele fará com que escutemos de qualquer forma…de maneira pouco ou muito dolorida. Então, qual é a relação que estabelecemos com o nosso inconsciente? Qual é a relação que estabelecemos conosco?

Como isso influencia na relação consigo mesmo?

 

REFERÊNCIAS

 

LAUREIRO, M. E. V. (2011). Depressão na Visão Analítica 203 In: Payá, R. Intercâmbio das Psicoterapias. São Paulo: Rocca.

 

Moraes, F. F. (2015).  Algumas Considerações sobre o Eixo Ego-Self. In: Jung no Espírito Santo. Disponível em: http://www.psicologiaanalitica.com/algumas-consideraes-sobre-o-eixo-ego-self.

Neumann, E. (1992). A Criança. São Paulo: Cultrix.

Silveira Filho, D. X. (2002). Drogas: Uma Compreensão Psicodinâmica das Farmacodependências.  São Paulo: Casa do Psicólogo.

Winnicott, D. (1983). O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre, Artes Médicas.

 

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III ENCONTRO MUNDIAL de CIRCULO de MULHERES – Com a presença da Dra. JEAN SHINODA BOLEN

Prezad@s,

Recebi hoje, por e-mail a divulgação deste evento e achei muito interessante. É um evento direcionado para mulheres, com uma programação interesse e com  presença da dra. Jean Shinoda Bolen certamente é imperdível. 

Maiores informações:

https://www.eventbrite.com.br/e/iii-encontro-mundial-de-circulo-de-mulheres-tickets-25907458907

https://www.facebook.com/events/1595820430743434/

Abaixo segue o e-mail divulguação do evento:

abraços,

Fabricio Moraes

iii-encontro-mundial-de-circulo-de-mulheres-tickets-25907458907

Olá,

Você que se interessa por Psicologia Junguiana não pode perder a oportunidade de participar de um workshop exclusivo com a Dra Jean Shinoda Bolen dia 25/09/2016. Este workshop é parte do III Encontro Mundial de Círculo de Mulheres e que acontecerá no dia 24/09 e também contará com uma palestra da Dra. Jean.

 Este é um evento exclusivo para mulheres e os homens podem convidar suas parceiras, mães, irmãs, filhas e amigas a participar deste dia incrível ao lado de uma das principais expoentes da psicologia junguiana no mundo.

 Encaminhe também para os interssados e interessadas pois as vagas são limitadas! Os ingressos já estão a venda pelo link:

https://www.eventbrite.de/e/iii-encontro-mundial-de-circulo-de-mulheres-tickets-25907458907

O tema do workshop da Dra. Jean Shinoda Bolen será:

 “CÍRCULO DE MULHERES SÁBIAS O ARQUÉTIPO E A EXPERIÊNCIA EM CÍRCULO”

Jean vai falar a partir de seu coração sobre a sabedoria e cura que emergem em Círculos de Mulheres com um centro espiritual. O círculo é um arquétipo e um campo mórfico do qual recebemos energia e para o qual contribuímos. Os ensinamentos e os princípios são extraídos das obras O Milionésimo Círculo, Mensagem Urgente para as Mulheres e As Deusas e a Mulher Madura, livros de autoria da Dra Jean Shinoda Bolen.

Em um círculo, cada mulher é igual em importância, nenhuma é elevada acima das demais, e quanto tem tanto uma dimensão sagrada como é um lugar de verdade e confiança, então é um círculo que é seguro. Ainda que o círculo de mulheres sábias é tradicionalmente um círculo de mulheres anciãs, a idade não é o que define uma mulher sábia. Existem crianças com sabedoria muito além de suas idades, e idosas que não ficaram mais sábias, apenas mais velhas.

Jean assume que toda mulher que vier ao III Encontro Mundial de Círculo de Mulheres pertença a um círculo de mulheres sábias. Um círculo de mulheres sábias baseia-se em sabedoria, compaixão, bom humor, indignação, e maturidade em mulheres que também tem coragem e confiança para serem vulneráveis, e provavelmente tiveram a sua parte de sofrimento e perda. O que importa são qualidades da alma de integridade, caráter, bondade, gratidão, e capacidade de amar.

AO FINAL TODAS AS PARTICIPANTES RECEBERÃO UM CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO.

Te esperamos lá!

Equipe organizadora do III Encontro Mundial de Círculo de Mulheres

Para mais informações entre na página do evento no Facebookhttps://www.facebook.com/events/1595820430743434/

Ou envie um e-mail para mundialdecirculodemulheres@gmail.com

 

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IV CONGRESSO ESTADUAL DE PSICOLOGIA ANALÍTICA e VII CICLO DE DEBATES EM PSICOLOGIA HOSPITALAR – Programação preliminar

PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR

IV CONGRESSO ESTADUAL DE PSICOLOGIA ANALÍTICA

&

VII CICLO DE DEBATES EM PSICOLOGIA HOSPITALAR

PALESTRA: A INDIVIDUAÇÃO: ASPECTOS PRÁTICOS DO USO DO CONCEITO JUNGUIANO NA CLÍNICA E NA PSICOLOGIA HOSPITALAR.
Kathy Amorim Marcondes
Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1984), Mestrado (1987), Doutorado (2008) e Pós-Doutorado (2014) pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (UFES). Atualmente é professor titular do Departamento de Psicologia da UFES. Sua experiência profissional está nas áreas de Psicoterapia (abordagem junguiana) e Psicologia Hospitalar, pesquisando os seguintes temas: psicoterapias, arteterapia, psicossomática, aprendizagem inventiva, psicologia hospitalar e saúde.

PALESTRA: NOSSA ATENÇÃO VAI ALÉM DA DIÁLISE!
Michel Silvestre Zouain Assbu
Médico graduado na Faculdade de Ciências Médicas pela Universidade do Estado da Guanabara (1967). Residência médica em Nefrologia no Hospital das Clínicas Pedro Ernesto (1969). Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva do Brasil (AMIB). Médico assistencial na área de Nefrologia e Intensivismo no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória (HSCMV)Professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) no Departamento de Clínica Medica do Centro Biomédico (1969 a 2003). Pesquisador na área de insuficiência renal aguda e Editor de livros para pacientes renais crônicos no tratamento conservador e dialítico. Atualmente é Professor Assistente no internato de Cirurgia da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM).

PALESTRA: CRIATIVIDADE: FERRAMENTA PARA PSICOLOGIA HOSPITALAR E PARA VIDA!
Rafaela Feijó dos Santos
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (2005) e Pós-graduada em Teoria e Pratica Jungiana pela Universidade Veiga de Almeida (2009). Atualmente é psicóloga do Instituto de Doenças Renais e Supervisora Institucional do Programa de Extensao Universitária PORTAS – Apoio Psicológico ao Paciente Renal Crônico – da Universidade Federal do Espírito Santo. Coordenou também o curso de Pós-Graduação em Psicologia Hospitalar e da Saúde, pelo Instituto Pedagógico de Vitória (2010-2012). Foi Membro Fundadora e tesoureira da Associação Junguiana do ES (2007-2011). Tem experiência na área de Psicologia Clínica e Hospitalar, atuando principalmente nos seguintes temas: psicologia hospitalar, pacientes renais crônicos e psicologia analítica.

PALESTRA: VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: PRECISAMOS FALAR SOBRE ISSO!
Telemi Flor de Lira
Enfermeira graduada pela FAMEMA- Faculdade de Medicina de Marília, Pós graduação na modalidade Residência em Enfermagem Obstétrica pela UERJ- Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Atualmente é Parteira Urbana, atuando na assistência ao Parto Domiciliar Planejado no Espirito Santo, desde 2012.

Carolina Leão Borges Ramos
Psicóloga graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo, Pós graduanda em Psicologia Analítica e Psicologia da Maternidade. Psicoterapeuta com ênfase nos processos femininos e gravídico- puerperais. Doula atuante do Grupo Zalika- Maternidade Parto e Infância. Feminista, trabalha em prol do protagonismo feminino. Contra a violência obstétrica, se envolve na luta pelos direitos reprodutivose humanização da assistência ao parto e nascimento.

PALESTRA: EXPERIÊNCIA DO LAZER PRODUZINDO VIDA.
Solange Missagia de Mattos
Psicóloga Clínica e Educacional (CRP 04-0766). Analista formada pelo Intituto C.G. Jung de Minas Gerais. Membro da Associação Junguiana do Brasil (AJB) e da Associação Internacional de Psicologia Analítica (IAAP). Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós Graduação em Saúde Pública. Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.Doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais. Diretora de Ensino e Professora do Curso de Especialização em Psicologia Analítica do Instituto C.G. Jung de Minas Gerais

PALESTRA:LEVANDO-SE A SÉRIO: CONSIDERAÇÕES SOBRE A SOMBRA DO ANALISTA.
Fabricio Fonseca Moraes
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (2003). Atualmente é psicólogo clínico Junguiano – Consultório Particular; Especialista em Psicologia Clinica e da Família, pela Faculdade Saberes ES (2007); Especialista em Teoria e Prática Junguiana, pela Universidade Veiga de Almeida – RJ (2008); coordenador do site Jung no Espírito Santo, www.psicologiaanalitica.com; e coordenador do Grupo Aion – Estudos Junguianos em Vitória/ES desde 2012; Membro da Internation Association for Junguian Studies (IAJS); Professor da Especialização em Psicologia Analítica Capacitar – ES.

PALESTRA: SUICÍDIO COMO UMA EXPRESSÃO ARQUETÍPICA DA MORTE NA VIDA DO HOMEM.
Raphael do Amaral Vaz
Possui graduação em Psicologia-Bach/Lic/Psicólogo. pela Universidade Veiga de Almeida (2008), graduação em Filosofia pela Faculdade Eclesiástica de Filosofia João Paulo II/RJ. (1997), graduação em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia (convênio com a PUC/RJ). (2001) e mestrado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2011). Trabalhou como psicólogo clínico do Instituto Brasileiro de Santa Catarina no Sistema Prisional Masculino. Atualmente é psicólogo clínico – Consultório particular, psicólogo do INSTITUTO SOCIOEDUCATIVO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, psicólogo clínico em tratamento para balão intragástrico; professor do curso de Psicologia da MULTIVIX- Faculdade Brasileira; no qual ministra aulas de Psicologia da Personalidade e Psicologia junguiana. Professor da FAEV – Faculdade Européia de Vitória, na qual ministra aula de Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia da Personalidade. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em redes sociais digitais, relacionamentos virtuais, obesidades e suicídio; atuando principalmente nos seguintes temas: psicologia analítica, internet, relacionamentos virtuais, identidade virtual, redes sociais digitais, transtornos alimentares e obesidade.

PALESTRA: MITOS E O COTIDIANO: A IMPORTÂNCIA DOS MITOS PARA UMA VIDA SIMBÓLICA.
Indianara Pereira de Melo
Psicóloga com graduação pela Universidade Salvador (Unifacs). Desenvolveu atividades curriculares em comunidades como: Criação e execução de projetos supervisionados de intervenção grupal com crianças em idade escolar e adolescentes com deficiência visual. Além disso desenvolveu atividades extracurriculares com atendimento e administração de dados, bem como tarefas internas e externas referentes aos usuários do sistema CREAS do município de Salvador, Bahia. Atua como psicóloga clínica desde 2013 em Consultório Particular. Desde 2015 coordena grupo de estudos em Psicologia Analítica em Vitória (ES).

PALESTRA: “O SAPO QUE NÃO VIROU PRÍNCIPE: UM ENFOQUE SIMBÓLICO DA VIOLÊNCIA SEXUAL A PARTIR DA PSICOLOGIA ANALÍTICA”.
Sandra Fernandes Amorim
Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP-EPM. Especialista em Psicologia Hospitalar pelo CRP (6a. região). Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Docente na Universidade Presbiteriana Mackenzie no curso de Psicologia. Em instituição hospitalar, atuou na Coordenação de Serviço de Interconsulta em Saúde Mental em enfermarias e em Nefrologia, Transplante Renal, Ginecologia Oncológica e em ambulatório especializado na assistência a vítimas de violência sexual. Experiência em atenção primária à saúde, em Centro de Saúde Escola. Em instituição psiquiátrica, atuou junto a pacientes psicóticos reagudizados. Desenvolve projetos em saúde mental junto a equipes multiprofissionais de instituições de saúde. Psicoterapeuta Junguiana em consultório particular. Autora de capítulos e organizadora de obras na área da Psicologia da Saúde e Psicologia Junguiana.

PALESTRA: A RELIGIOSIDADE NOS CONTOS DE FADAS – UM OLHAR SOB PERSPECTIVA REDENTORA DO HERÓI.
Barbara Lavinski Jardim
Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2013) onde foi Monitora da Clínica de Psicologia e responsável pelo acolhimento de pacientes com demandas psiquiátricas, judiciais e escolares. Realizou estágios curriculares sob supervisão na Abordagem Sistêmica de Famílias, psicomotricidade e clínica psicanalítica. Desde cedo Interessou-se pela abordagem da Psicologia Junguiana, cuja monografia: “O mito de Lilith e o Feminino Selvagem na clínica contemporânea” baseiou-se na análise mitológica sob a perspectiva de Carl Gustav Jung e Erich Neumann acerca do feminino. Atualmente é aluna do Instituto C.G.Jung de Minas Gerais cuja monografia entitulada: “A Religiosidade nos Contos de Fadas – Um Olhar sob a Perspectiva Redentora do Herói” foi aprovada com sucesso para o Programa Clínico do curso de formação de analistas. Hoje trabalha em seu consultório particular e na clínica de saúde Alimentare, em Belo Horizonte.

PALESTRA: EDUCADOR SOCIAL E O MINOTAURO
Luis Henrique Gomes da Silva

PALESTRA: ARTETERAPIA EM NÚMEROS: LEVANTAMENTO DE PRODUÇÕES CIENTÍFICAS NACIONAIS.
Queila Cássia Corrêa Guimarães
Psicóloga, graduada pela Universidade Federal do Espirito Santo, especializanda em Psicologia Hospitalar e Saúde pelo Instituto Pedagógico de Vitória, exercendo suas atividades no Hospital Cassiano Antônio de Moraes, em Vitória- ES

Barbara Frigini De Marchi
Psicóloga, graduada pela Universidade Federal do Espirito Santo, especializanda em Psicologia Hospitalar e Saúde pelo Instituto Pedagógico de Vitória, exercendo suas atividades no Hospital Estadual de Atenção Clínica, em Cariacica – ES.

Samara Zavarize de Lima
Psicóloga, graduada na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, especializanda em Psicologia Hospitalar e Saúde pelo Instituto Pedagógico de Vitória, exercendo suas atividades na Prefeitura Municipal de Eunápolis e na APAE- Eunápolis – BA.

PALESTRA: APRENDENDO COM A MORTE: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS EM PSICOLOGIA HOSPITALAR.
Rachel de Freitas Wandekokem Cazelli
Psicóloga de orientação Junguiana, especialista em Psicologia Hospitalar e em Gestão em Saúde. Psicóloga Hospitalar do HUCAM. Hipnoterapeuta Ericksoniana. CRP-ES 1620.

PALESTRA: A CIRURGIA BARIÁTRICA COMO UMA OPORTUNIDADE.
Edina Silva Guimarães
Graduação em Psicologia pela Faculdade UNIVIX. Pos graduada em arteterapia – Instituto Fenix. Pos graduada em Psicologia Hospitalar. Formação em Psicodrama – Pegasus.

PALESTRA: AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS NA PSICO-ONCOLOGIA: POSSIBILIDADES NA INTERVENÇÃO.
Jurama Ribeiro de Oliveira
Psicóloga hospitalar, psicóloga clínica, psico-oncologista, psicnalista. Atualmente em formação em constelação familiar. Psicóloga por17 anos na AFECC – Hospital Santa Rita De Cássia, no CECON – centro capixaba de oncologia. Hoje, atuando unicamente no próprio consultório.organizadora de vários eventos científicos como jornadas, simpódios. Foi presidente de congressos brasileios. Além, de ter sido muito ativa na sociedade brasileira de psico-oncologia como presidente do núcleo do espírito santo, regional sudeste e entre 2013 a 2015. Presidente da sociedade brasileira de psico-oncologia.

PALESTRA: O LUGAR DA ARTE NA PSICOLOGIA ANALÍTICA.
Kathy Amorim Marcondes

PALESTRA: GRUPOS TERAPÊUTICOS NO HOSPITAL.
Ana Luiza Brandão
Psicóloga, graduada há dez anos pela Universidade de Vila Velha; Pós Graduada em Psicologia Clínica pelo Instituto Brasileiro de Psicologia Centrada na Pessoa; Especialista em Acupuntura pelo Instituto de Psicologia e Acupuntura Espaço Consciência (SP); Psico-Oncologista certificada pela Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia; Membro da diretoria nacional da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia. Atua em consultório particular desde a graduação e há seis anos no Hospital Santa Rita de Cássia, referência em tratamento oncológico.

MESA REDONDA: FEMININO, CORPO E PSIQUE.
Mediadora: Kelly Guimarães Trístão.
Palestrantes:
Carolina Leão;
Raissa R. Módolo.

MESA REDONDA: CLÍNICA JUNGUIANA NA FAESA: TRÊS CASOS E MUITAS HISTÓRIAS”.
Mediadora: Isabele Santos Eleotério
Psicóloga; especialista em Teoria e Prática Junguiana (UVA/RJ); mestre em Psicologia (UFES); professora das Faculdades Integradas São Pedro (FAESA) e doutoranda em psicologia (UFES).
Palestrantes:
Aguilar Vieira de Sousa
– Jamile kenia Santos Lira de Castro
– Beatriz Soares Sant’Anna

MINI-CURSO: FITOTERÁPICOS NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE E DEPRESSÃO.
Henriqueta Tereza Sacramento
Possui graduação em medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (1982). Especialista em Homeopatia (IHB-RJ) ,Medicina do Trabalho (Fundacentro-Emescam), Gestão em Serviços e Sistemas de Saúde (UFES).Atua na Saúde Coletiva desde 1987. Idealizadora do Programa de Fitoterapia no SUS no município de Vitória, onde é referência Técnica em Fitoterapia e demais práticas integrativas e complementares. Lançou livro Plantas que dão vida em 2011. Coordena o GT Saúde da População negra da Semus de Vitória. Membro da Sobrafito- Sociedade Brasileira de Fitomedicina. Concluiu mestrado no Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento Local na Escola de Ensino Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia( Emescam), com a pesquisa A Implementação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no município de Vitória :percepção dos médicos e gestores , sob a orientação da Drª. Raquel de Matos Lopes Gentilli, professora integrante do mestrado.

MINI-CURSO: HIPNOSE E DOR
Sergio Oliveira Valentim
Cirurgião dentista. Mestre em Saúde Publica. Professor aposentado do Departamento de Medicina Social/ Centro Bio Médico da UFES. Formação em Hipnose Clássica e Ericksoniana. Formação em Psicanálise. Formação em Terapia de Vivências Passadas (Regressão de Memória) . Master Trainer em Programação em Programação Neuro Linguística. Docente do Instituto Milton Erickson do Espírito Santo.

PALESTRA: RELAÇÃO ENTRE PSICÓLOGO E MÉDICO: IMPORTÂNCIA PARA MELHOR ATENDIMENTO AO PACIENTE.
Barbara Subtil de Paula Magalhães
Psicóloga pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Mestre em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e Pós-graduada em Cuidados ao Paciente com Dor pelo Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Atua no Hospital Universitário da USP e em Consultório Particular. É membro do Grupo de Pesquisa da USPSuCor – Sujeito e Corpo.

PALESTRA: RELAÇÕES DE CUIDADO NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA.
Kelly Guimarães Tristão
Psicóloga, Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFES, e mestre pela mesma instituição, graduada em psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo, com especialização em Psicologia Clínica e da Família pela Faculdade Saberes e com especialização em Teoria e Prática Junguiana pela Universidade Veiga de Almeida – RJ. Tem experiência nos seguintes temas: saúde mental, clínica, psicopatologia, família, acompanhamento terapêutico, psicologia analítica e bullying.

APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS APROVADOS.

1. A CONTEMPORANEIDADE DO TRABALHO DE LUTO EM AMBIENTE HOSPITALAR – Daniela Reis e Silva.
2. QUANDO O SUICÍDIO INVADE O HOSPITAL… MANEJO DO COMPORTAMENTO SUICIDA EM AMBIENTE HOSPITALAR – Daniela Reis e Silva.
3. ANGÚSTIA E ELABORAÇÃO DE LUTO: A IMPORTÂNCIA DA ESCUTA ANALÍTICA – Nayara Oliveira Francisco.
4. INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO HOSPITALAR NO PROGRAMA DE CIRURGIA BARIÁTRICA – Rosilene Chagas Ricardo.
5. CONTAR E TECER HISTÓRIAS: UM FAZER DA CLÍNICA. Taynah de Marillack Maia Monteiro.
6. O EDUCADOR SOCIAL E O MINOTAURO – Luiz Henrique Gomes da Silva.
7. ACOLHIMENTO COMO FERRAMENTA DE INTERVENÇÃO EM EQUIPE MULTIDISCIPLINAR – Karla Oliveira do Amaral, Mariella Caliman Monteiro, Rafaela Feijó dos Santos.
8. VAMOS FUXICAR? UMA PROPOSTA TERAPÊUTICA NA ATENÇÃO BÁSICA – Helaynne Ximenes Faria, Débora de Oliveira Lourenço, Aline Christina Grisotto Alves
9. O MENINO DO DESENHO E OS DESENHOS DO MENINO – Marieta Vieira Messina, Maria da Graça Von Krüger Pimentel

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Fotos Ciclo Permanente de Palestras do PET da Psicologia-UFES

Nesta última quinta 23/06/2016 participamos do Ciclo de Palestras Permanentes em Psicologia (CPPP) do Programa PET da Psicologia-UFES, para compartilhar um pouco da psicologia analítica.

Agradecemos e parabenizamos o Programa PET pelo convite e inciativa.

Fabricio F. Moraes

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 Amor, traição e processo de individuação

(11 de junho de 2016)

Fabricio Fonseca Moraes

 

O que é o meu Amor? senão o meu desejo iluminado
O meu infinito desejo de ser o que sou acima de mim mesmo

Viva Vivida, Vinicius de Moraes (1938)

 

Nota: Este texto foi produzido como base para a palestra na I Jornada Junguiana da Multivix, com o tema “Psicologia Analítica e suas implicações na contemporaneidade.

Bom dia! Gostaria de agradecer e parabenizar a faculdade Multivix, sua coordenadora Kirlla Cristhine Almeida Dornelas e ao professor Raphael do Amaral Vaz pela organização desta jornada. Foi nos proposto o desafio de falar sobre Amor, Traição e Processo de Individuação.

Começando pelo amor, é necessário dizer que o amor é mistério.  Jung afirmou em suas memórias que “Tanto minha experiência médica como minha vida pessoal colocaram-me constantemente diante do mistério do amor e nunca fui capaz de dar-lhe uma resposta válida” Jung, 1975, 305). O fato de não haver uma resposta válida, pode significar que muitas respostas são possíveis e válidas. Assim, não tentarei definir ou conceituar de forma estrita, mas, pensar no amor como um fenômeno, que se manifesta, que percebemos, mas, que não se dobra a linguagem objetiva.

Quando falamos de Amor ou Eros (como é mais comum na linguagem psicológica) somos “quase que” obrigados a visitar a Platão, em seu simpósio ou “banquete”, ele afirma pela boca de Sócrates, citando Diótima, diz que o Amor é um daimon que intermedia a relação entre mortais e imortais (deuses).

Essa compreensão de Platão é interessante pois, expressa de forma mítica uma das características mais basais e fundamentais desse fenômeno que denominamos Amor:  é uma função de integração psíquica que, não só intermedia, mas possibilita a relação Ego-Self (ou Ego-Si-mesmo) assim como a relação Ego-Outro. O amor se manifesta como uma função do self que une, integra e centraliza a dinâmica psíquica – seja ela relacionada com a realidade interior ou a realidade exterior.

Nessa mesma perspectiva, Adolf Guggehnbul-Craig, no livro “Eros on Crutches” – que posteriormente foi relançado com o titulo “The Empty Soul” –   nos chama atenção para um o fato de que Eros “humaniza os arquétipos” temperando suas qualidades absolutas ele afirma

O guerreiro sem Eros é um mercenário brutal, um absurdo assassino em massa , um exterminador demoníaco . Com Eros, o guerreiro luta para defender os valores que são importantes para ele, estando pronto para dar a sua vida pelos outros ou por ideais mais elevados . O Trisckster sem Eros é apenas um enganador e mentiroso, um impostor. Com Eros, o trisckster é surpreendente, estimulante , não preso a conveções e rotinas, mas continuamente revelando novas faces de si mesmo e abrindo possibilidades inexperadas para aqueles que o rodeiam . Ele é brincalhão e encantador.(Guggenbhul-Craig, p.27- tradução nossa) [1]

Acredito que falar do Trickster pode gerar algumas dúvidas, pois, não temos um termo adequado para Trickster, mas, duas representações bem conhecidas em nossa cultura são o gato de Cheshire e o Capitão Jack Sparrow.

Eros ou Amor humaniza os arquétipos, ele os humaniza na medida que integra e harmoniza suas dinâmicas arquetípicas às necessidades do Ego, de forma saudável e construtiva. Essa humanização torna o ujhamor muito próximo a outro arquétipo, ou dinamismo arquetípico, que é a alteridade[2] – que geralmente é percebida a partir da concepção clássica Anima e Animus, que desde os anos 70 e 80 vem sendo repensados, pois, o aspecto contrassexual expressa na verdade o “totalmente outro ou diferente” da identidade do Ego.  mas, na verdade é uma função que possibilita a compreensão integra o polo “Outro” seja ele interno (como a dinâmica do Self) ou externo (como a compreensão mais adequada da realidade do Outro).

A relação Eros e Alteridade é tão intensa que quando projetada, a experiência de lidar com o outro se torna como lidar com a própria alma. Por isso, o a projeção da “anima/animus” como vemos classicamente é revestida de um brilho especial, como se o outro fosse de fato, parte de nós mesmos.

Muitas vezes pensamos na relação amorosa como condicionada pela projeção da anima/us. E, de fato, em algumas situações é (geralmente mais exageradas e incontroláveis), mas, não é possível condicionar o amor a uma projeção. Como disse anteriormente, o Amor integra os elementos da vida psíquica, ou seja, integra tanto os objetos internos quanto os objetos externos, atribuindo um sentido afetivo próprio. Quando retiramos a projeção podemos amar o objeto e integra-lo a nossa realidade pelo que ele é. Até nesse ponto, falamos de uma perspectiva, olhando o psiquismo pela via da dinâmica psíquica, quando pensamos pela via da experiência do Ego, da vivência do amor, outros aspectos interessantes que eu gostaria de pensar um pouco com vocês.

– O amor nos coloca diante de um dilema moral, pois, elimina a fronteira do bem e do mal. Aldo Carotenuto, no livro Eros de Pathos, fala que o “amor é portanto uma centelha do divino – e com esse termo entendo uma força que encerra em si ambos os pólos da dicotomia maniqueísta bem-mal”(Carotenuto, p. 22). Não é incomum pessoas “mentirem” ou “enganarem” outras por amor. Em outras situações, é possível termos crimes mais graves como roubos e até homicídios em nome do Amor. Sob certos aspectos, poderíamos dizer que o amor infla o Ego, colocando-o para além de suas possibilidades. (Vide Anakin, que escolheu o lado negro da força por amor a padmé) Mas, devemos tomar muito cuidado em não confundir as escolhas guiadas pelo amor das escolhas feitas pelo poder. Tratar uma mulher como propriedade, posse – agredindo ou mesmo chegando a morte –  não faz parte da dinâmica do amor, mas, do poder. Nesse sentido, os relacionamentos sem amor, são mais próximos da psicopatia. Infelizmente, confundimos muito as relações de poder com amor, essa confusão se dá por nossa cultura machista, patriarcal que durante séculos subjugou a mulher colocando-a num lugar de propriedade do homem. O machismo e o sexismo são exercícios de poder, cada que somos machistas ou sexistas(ou com outros tipos de preconceitos) nos distanciamos do amor, nos desencontramos do amor e de uma relação integradora e saudável com o, e nos colocamos numa posição de domínio que tende sempre a degradar a outra parte.

– Todo discurso sobre o amor é sempre um discurso sobre si mesmo(ibid p. 27) O Amor se refere sempre a nossa interioridade, que quem somos de forma mais sincera. Esse é um dos aspectos mais interessantes, no amor e através do amor nós vemos a nós mesmos, não é o amor exatamente pelo Outro em si mesmo, mas, pelo o que o Outro suscita em nós.

Renato Russo na música La Nouva Gioventú expressa essa noção de forma interessante, ele diz “Com você por perto eu gostava mais de mim” – Infelizmente o que acontece é que estamos tão inconscientes da relação com nós mesmos que não percebemos que a relação com o outro está relacionada com a relação que temos com nós mesmos – por isso mesmo, um relacionamento patológico, abusivo, espelha uma relação inadequada do indivíduo consigo mesmo.  Nesse sentido, o mandamento de Cristo “amarás o teu próximo como a ti mesmo” se revela uma verdade psicológica válida.

– O amor altera nossa percepção da realidade – Quando estamos mobilizados pelo amor, nossa percepção do tempo, nossa percepção do objeto amado é alterada. Por isso, a percepção do amor infinito, definitivo, eterno é uma distorção possível, mas, que não se restringe a durabilidade do fenômeno, mas, também percepção da realidade dos objetos – sejam eles pessoas ou coisas – isso se dá pelo direcionamento de nossa atenção, guiada pelo fascínio gerado pelo objeto.

Sob certo aspecto a percepção do objeto de amor se torna parcial, sendo direcionada aos aspectos positivos, belos e aprazíveis – negando os aspectos negativos, produzindo sombra no objeto. A dificuldade de integrar a totalidade do objeto amado, gera o aumento de expectativas e por isso mesmo, aumenta a possibilidade erros de julgamento.

O amor nos impele a totalidade – Essa é uma característica importante porque nos faz sentir-nos incompletos, incapazes e dependentes/. Não podemos perder de vista que o Ego, como principal deintegrado do Self, guarda uma relação fundamental com Self, devemos lembrar que a dinâmica natural do Self, compreende a deintegração e a reintegração, no caso do Ego, não há uma reintegração propriamente dita, há uma relação especial que pode ser compreendida ou nomeada como “processo de individuação” ou “eixo ego-self”. Assim, através do amor o ego tem um vislumbre da totalidade, e se lança desejante desta possibilidade, por isso as palavras de Vinicius de Moraes são tão precisas quando diz que o amor é o “O meu infinito desejo de ser o que sou acima de mim mesmo”, vislumbrando a totalidade somos impelidos nessa busca.

Vamos falar um pouco sobre a traição. Quando falamos de traição devemos ter em mente uma concepção ampla – que envolve tanto relacionamentos com outras pessoas quanto com instituições, valores. Do mesmo modo, a traição obviamente deve ser percebida sob dois aspectos fundamentais : um social e outro individual.

Quando me refiro ao social, eu me refiro a uma cultura onde trair se tornou banal. Crescemos vendo traições em novelas, quadrinhos, filmes e séries. Trair a família, amigos, valores ou pessoas amadas se tornou uma opção, a traição não tem maiores consequências sociais, em tempos passados a traição tirava a honra de uma pessoa, a trair era um estigma sério (especialmente no que diz respeitos a relação entre amigos, familiares e da mulher com o homem, no caso homem, dada a cultura machista, era permitido trair a mulher). Juntamente com essa banalização temos uma realidade onde os relacionamentos muitas vezes são vistos como temporários, sem o comprometimento real, assim, a cultura sanciona a traição. Mas, não vamos nos estender nesse aspecto.

Quando falamos de traição no contexto da psique do individuo, devemos considerar:

– Poder: Falo tanto do poder, justamente pois, Jung afirmava que psicologicamente, o oposto do amor é poder. O desejo de se afirmar, o desejo se impor, ser alguém frente aos outros. Nessa categoria temos três possibilidades a traição em relacionamentos que se dão na ordem do poder, do domínio, na primeira não há uma consideração efetiva pelo outro, a traição é mais uma conquista, na segunda a traição se dá pela incapacidade do indivíduo enfrentar o termino de um relacionamento, seja por imaturidade, o indivíduo trai por não se sentir capz de um enfrentamento saudável, do termino do relacionamento, nesse caso tomado pelo sentimento de inferioridade, o indivíduo busca um apoio. Uma terceira possibilidade, também interessante mais, é quando o poder compete com o amor. É numa relação onde no relacionamento há amor, mas, na relação do indivíduo consigo mesmo, ele trai como uma forma de lidar com o próprio sentimento de inferioridade e outros. Nesse caso a traição ou traições são acompanhadas por sentimento de culpa.

A traição de si mesmo: Talvez esse seja o aspecto mais pertinente para pensarmos a traição. Muitas vezes o indivíduo em suas escolhas e ao longo da sua vida se traiu de tal forma, se identificando com exigências externas e se desligando de si mesmo, nesse caso, essa traição interior, essa alienação de si-mesmo. Esse estado de alienação se dá muitas vezes, pela adoção de uma atitude da consciência unilateralmente rígida, onde, o indivíduo se prende num relacionamento, numa instituição, num grupo, e nesses casos pode ser que uma traição exterior se faça necessária como uma forma de libertação, a traição do outro (seja uma pessoa, instituição ou valores) seria um caminho para sanar a traição interior.

Não podemos perder de vista, o fato que trair nas situações que nos referimos, no geral, tem um aspecto de positivo, uma necessidade. Contudo, não podemos perder de vista que há sempre o traído, há sempre sofrimento envolvido na traição ou mesmo para quem trai.

Onde que entraria o processo de individuação? O processo de individuação é um processo de desenvolvimento que começa desde que nascemos e se estende até nossa morte. Jung descreve a individuação como “torna-se si mesmo”, e este processo de se tornar quem se é, é em si um processo amoroso,  um processo de integração, de honestidade e consideração profunda consigo mesmo e com a realidade circundante, isto é com os outros.

A maior parte dos efeitos, vamos dizer, “negativos” do amor, do poder e traição se relacionam a inconsciência que o indivíduo em relação a si mesmo. Ou seja, quanto mais inconsciente ou alienado de si mesmo, mais vulnerável o indivíduo se torna às dinâmicas do inconsciente ou a relações abusivas.

Poderíamos falar de individuação como um processo de amadurecimento, onde através da integração dos polos persona-anima, assim como da sombra, torna-se possível a percepção das dinâmicas inconscientes, possibilitando o indivíduo experimente o amor de forma construtiva, deixando de ser apenas levado pela intensidade desse amor que se impõe inconsciente, mas, se tornando responsável pelo amor – tanto de si mesmo quanto pelo amor em relação ao outro.

A individuação exige conhecimento, autoconhecimento e isso só se adquire vivendo, amando, sofrendo e voltando a amar. Em todas as experiências que vivemos, uma parte do quebra-cabeça que somos se revela.  Como dizia o Poeta,

Quem já passou

Por esta vida e não viveu

Pode ser mais, mas sabe menos do que eu

Porque a vida só se dá

Pra quem se deu

Pra quem amou, pra quem chorou

Pra quem sofreu, ai

 

Quem nunca curtiu uma paixão

Nunca vai ter nada, não.

(Vinicius de Moraes)

 

Referências

CAROTENUTO, Aldo. Eros e Pathos: amor e sofrimento. São Paulo, Paulus Editora, 1994.
Guggenbühl-Craig, Adolf. Eros on crutches – on the nature of the psychopath, Dallas, Spring Publications, 1986.

JUNG, C. G., Memórias Sonhos e Reflexões, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975

 

 

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[1]The Warrior without Eros is a brutal mercenary, a senseless massmurderer, a demoniac exterminator. With Eros, the warrior fights to defend values which are important for him, ready to lay down his life for others or for higher ideals. The Trisckster with Eros is but a commom cheat and liar, an imposter, a con-artist. With Eros, the trisckster is surprising, stimulanting, not bogged down in convention ou routine, but continually revealing new sides of himself and openning unexpected vistas to those around him. He is playful and charming.

[2] Vide Anima, Animus e Alteridade – Revisão do texto de 05/04/2010

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Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS). Formação em Hipnose Ericksoniana. Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

Contato: 27 – 99316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@yahoo.com.br/ Twitter:@FabricioMoraes

www.psicologiaanalitica.com

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