Arquétipo e Representações Arquetípicas

 

16 de abril de 2010

Arquétipo é um dos principais conceitos junguianos. Entretanto, frequentemente vemos grandes confusões feitas com esse conceito. Assim, vou tentar apresentar a forma como pessoalmente compreendo a idéia de arquétipo, discutindo um pouco da teoria para torna-lo mais claro.

Arquétipo : O termo

O termo arquétipo foi utilizado por Jung pela primeira vez em 1919, em Londres, num simpósio intitulado “Instinto e Inconsciente”. O termo arquétipo já era conhecido da filosofia e, suas origens, poderiam remontar até Platão. Essa relação histórica com o Platonismo gerou um preconceito em relação a concepção de Jung. Em sua etimologia, o termo arquétipo é formado pelo termo arkhé, oriundo do grego, que significaria primeiro, antigo, regente, dominante, original; e typos, também oriundo do grego, que significaria marca, impressão, molde ou modelo. Desde modo, o termo arquétipo exprimiria a idéia de um molde, marca ou modelo original.

Arquétipo na Psicologia Analítica

Apesar do termo só ter sido introduzido em 1919, a idéia de arquétipo já estava presente nas publicações de 1912, onde Jung relatava seus estudos acerca das “imagens primordiais”, imagens que se manifestam na psique e que poderíamos observar uma relação com a mitologia. Por volta, de 1917, Jung começa a se referir dominantes do inconsciente coletivo.

Num primeiro momento, Jung relaciona ou mesmo justifica a teoria dos arquétipos considerando a teoria da evolução. Deve-se notar quem em 1912, por ocasião de palestras no EUA, Jung visitou manicômios destinados aos negros, para pode estudar os sonhos e delírios desses pacientes, o que ele pode notar era que os conteúdos eram semelhantes aos de seus pacientes na Suiça e, alguns delírios e percebeu claro paralelo com a mitologia grega.

Para Jung,  a universalidade dessas representações psiquicas estavam relacionadas com a história do homem. Segundo ele,

Assim como o corpo humano representa todo um museu de órgãos com uma longa história evolutiva, devemos esperar que o espírito também esteja assim organizado, em vez de ser um produto sem história. Por “história” não entendo aqui o fato de nosso espírito se construir por meio de tradições inconscientes (por meio da linguagem etc.), mas entendo antes sua evolução biológica, pré-histórica e inconsciente no homem arcaico, cuja psique ainda era semelhante à dos animais. Esta psique primitiva constitui o fundamento de nosso espírito, assim como nossa estrutura corporal se baseia na anatomia geral dos animais mamíferos. (JUNG, 2000a, p. 229-230)

Isso implica em dizer que os arquétipos não estão relacionados a nada metafísico, mas, sim são expressões do processo evolutivo, quem imprimiram padrões de basais de organização do psiquismo.  Esses padrões basais podemos reconhecer nos animais como instintos. Os arquétipos, seriam

(…) instintos centralmente representados, ou seja, que se manifestam como imagens. Os arquétipos só tomam a forma de imagens onde a consciência está presente; noutros termos, o autorretrato configurado dos instintos é um processo psíquico de ordem superior. Pressupõe um órgão capaz de perceber essas imagens primordiais. (NEUMANN, 1995, p.215).

A referência a imagens, num primeiro momento, podemos pensar nas imagens dos sonhos, as imagens em alucinações de pacientes psicóticos. Entretanto, devemos compreender que essas imagens (sonhos e alucinações) são representações visuais que atingem a consciência. É fundamental que compreendamos para Jung,  IMAGENS são REPRESENTAÇÕES, não apenas visualizações. As imagens arquetípicas, que prefiro chamar de representações arquetípicas, pode ser cinestésicas, assim sentidas no corpo, a analise bioenergética nos propicia uma percepção clara disso, pois, p.ex., através um dado exercício, é possível acessar o mesmo conteúdo emocional em indivíduos de diferentes culturas ou diferentes lugares do mundo. Ou seja, através de um movimento compatível com a dinâmica própria do arquétipo é possível ativa-lo ou ativar sua representação na esfera pessoal, essa pode se manifestar como imagens (sonhos, visões), sensações cinestésicas ou emoções/lembranças.

De forma geral, quando o arquétipo isto é, um padrão de organização psíquica basal, uma vez ativado ele vai mobilizar  o individuo por inteiro, modificando a forma do individuo perceber ou reagir à realidade, isso porque sua força ou energia tende a engolfar o ego.

Compreendo que o arquétipo é um padrão basal de organização psíquica, assim, o psiquismo se organiza em torno desses padrões, fazendo com que todos os indivíduos em toda parte tenham uma organização psíquica semelhante. Deste modo, falar em arquétipo significa reconhecer que temos uma predisposição a determinados comportamentos, assim como a predisposição a aprendizagem. Deve-se notar que essas predisposições são comuns a toda humanidade. Esses padrões vão assumir a forma da cultura em que o individuo se encontra(mas, sua essência permanece a mesma em toda cultura). Como por exemplo, a maternagem, ela se manifesta em todas as culturas e se caracteriza essencialmente pelo cuidado e nutrição da prole, contudo, o tempo e a forma como a mãe vai cuidar e nutrir de seus filhos, depende da cultura onde está inserida.

Há tantos arquétipos quantas situações típicas na vida. Intermináveis repetições imprimiram essas experiências na constituição psíquica, não sob a forma de imagens preenchidas de um conteúdo, mas precipuamente apenas formas sem conteúdo, representando a mera possibilidade de um determinado tipo percepção e ação. Quando ocorre na vida algo que corresponde a um arquétipo, este é ativado e surge uma compulsão que se impõe a modo de uma reação instintiva contra toda razão e vontade, ou produz um conflito de dimensões eventualmente patológicas. Isto é, uma neurose. (JUNG, 2000b, p.58).

Representações arquetípicas

Segundo Jung, seria

provável que a verdadeira natureza do arquétipo é incapaz de tornar-se consciente, quer dizer, é transcendente, razão pela qual eu a chamo de psicóide. Além disto, qualquer arquétipo torna-se consciente a partir do momento em que é representado, e por esta razão difere, de maneira que não é possível determinar, daquilo que deu origem a essa representação (JUNG, 2000c, p150)

Como podemos ver, o arquétipo não pode se tornar consciente por ser psicóide (isto é, quase psíquico, o arquétipo esta na zona limítrofe entre o físico e psíquico, por isso transcendente). Conforme disse acima, as chamadas “imagens arquetípicas” são “representações” do arquétipo. Para evitar confusões, prefiro me referir às manifestações do arquétipo apenas como “Representações arquetípicas”. Compreendo como as principais formações arquetípicas:

1 – Complexos : Os complexos de tonalidade afetiva ou complexos ideoafetivos são agrupamentos de ideias, pensamentos, imagens em torno de um núcleo arquetípico. Os complexos são como atualizações dos arquétipos na vida pessoal. Como dissemos, os arquétipos são padrões de organização psíquica, assim, as experiências individuais que possuem afinidade com um padrão arquetípico são atraídas e formam um conglomerado, que organizam e orientam nossas memórias de lembranças vividas, assim como orientam a percepção das experiências. Através dos complexos podemos apreender as dinâmicas arquetípicas e como elas organizam e orientam nossa vida.

2 – Símbolos culturais: Chamo de símbolos culturais todos os elementos que se mantém como referencia da cultura. Como os contos de fadas, mitos, provérbios, imagens, monumentos que expressam a dinâmica arquetípica. Segundo Jung,”o arquétipo é sempre uma espécie de drama sintetizado”(EVENS, 1973, p. 55), por isso, muitas das narrativas mítico-religiosas nos afeta, assim como as obras de arte que expressam um cena ou situação que similar a padrão arquetípico. Os símbolos culturais são importantes pois, servem de referencia para a constelação dos arquétipos em nossa vivência pessoal.

3 – Símbolos pessoais:  Os símbolos pessoais são formações que eclodem do inconsciente, intimamente relacionado com o momento do qual um individuo vive. Esses símbolos podem ser situações, pessoas, locais, lembranças, musicas, enfim, qualquer coisa que tenha uma similaridade arquetípica ou que sobre ao qual o arquétipo inconsciente tenha se projetado. O símbolo pessoal tem o objetivo de  possibilitar a passagem de energia do inconsciente para a consciência, com a finalidade de organizar e/ou dar um direcionamento ao Ego.

Referências bibliográficas

EVANS,R.Entrevistas com Jung e as Reações de Ernest Jones.Rio de janeiro:eldorado,1973.

NEUMANN, E. História da Origem da Consciência, São Paulo: Cultrix Editora, 1995

JUNG, C.G. Vida Simbólica Vol. I, Vozes, 2ª Ed., Petrópolis, RJ, 2000a.

JUNG, C.G. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo, Vozes, Petrópolis, RJ, 2000b.

JUNG, C.G.Natureza da Psique, Vozes, Petrópolis, RJ, 2000c

 

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Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS). Formação em Hipnose Ericksoniana(Em curso). Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

Contato: 27 – 9316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@yahoo.com.br/ Twitter:@FabricioMoraes

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NUMINOSO: Do sagrado de Otto ao Arquétipo de Jung

 

13 de abril de 2010

(Esta palestra foi apresentada no I Congresso Estadual de Psicologia Analítica, realizado em Vitória, Dezembro 2009)

Este Primeiro congresso Estadual de Psicologia Analítica, é sem dúvida um marco na história do movimento junguiano capixaba e a realização de um sonho sonhado muitos.

Gostaria de parabenizar ao Programa Portas – que é um baluarte da psicologia junguiana no ES – e ao PET por essa importante iniciativa em contribuir com a psicologia analítica no ES.

A nossa proposta para esta palestra é pensarmos um pouco sobre o conceito “numinoso”, que é encontrado com freqüência na obra de Jung como uma qualidade ou caráter do inerente ao arquétipo. Mas, para compreender a adoção deste conceito, é necessário buscarmos a sua origem, o que nos leva a Rudolf Otto, que foi contemporâneo de Jung, e um dos responsáveis pelas conferências Eranos.

Rudolf Otto, o Sagrado e o Numinoso

Apesar de sua importância, Rudolf Otto(1869-1937) não é muito conhecido em nosso meio. Nascido na Alemanha, Otto foi um destacado teólogo protestante, filósofo e historiador das religiões. Esses três títulos de “teólogo”, “filósofo” e “historiador” correspondem também aos três estágios de desenvolvimento de sua obra, cuja primeira fase[i] correspondeu a seus estudos direcionados a teologia cristã, sua segunda fase marcada pela obra “O sagrado”, onde ele discutiu questões relacionadas a filosofia, mais propriamente fenomenologia da religião e Psicologia da religião. A terceira fase de sua obra, foi dedicada a estudos comparativos de história das religiões, especialmente as religiões orientais.

Um dado fundamental sobre Rudolf Otto é que ele, assim como Jung, não foi um pensador de gabinete, sua “inspiração”(por assim dizer) vinha das viagens que realizou ao longo de sua vida – como, por exemplo,  a Grécia, ao norte da Europa (Finlândia, Russia, Suécia), Oriente Médio (Beirute, Jerusalem), Norte da Africa(Egito), Oriente (India, China, Japão, Ceilão), America (EUA). A experiência com essas culturas diferentes, com formas de perceber a religião, fez de Otto um pensador ímpar. Seu trabalho influenciou pensadores importantes como Mircea Eliade e Paul Tillich, assim como C.G.Jung.

A obra que deu destaque a Rudolf Otto foi “O Sagrado – Os aspectos irracionais na noção do divino e sua relação com o racional” e foi publicada em 1917, durante a primeira guerra mundial. Nesse trabalho, Otto se dedicou a defender que o conceito deSagrado seria o elemento essencial das religiões, este seria o elemento relacionado ao divino, não sendo passível de racionalização. Otto compreendia que o Sagrado era uma idéia ou noção complexa, sendo formado por dois aspectos opostos:

1 – O primeiro era o elemento “racional”. Por racional, Otto compreendia os elementos que são nomeados, ou conceituados. Ou de outra forma, seriam os elementos passíveis de serem claramente comunicados pela linguagem. Nessa categoria de racional estariam as narrativas, as doutrinas, a ética e a moral religiosa.

2 – O segundo aspecto é o que nos importa nesse momento, corresponde ao âmbito irracional do sagrado. E, o irracional seria justamente os elementos que não se dobram ao a linguagem, fugindo a uma apreensão conceitual. Esse aspecto ou categoria Otto chamou de “numinoso”. Esse termo tem sua origem no termo latino Numensignifica deus ou divino. O Numinoso corresponderia ao aspecto ativo, experiencial da vivência religiosa e essa categoria só se aplicaria quando o numinoso se manifesta, ou seja,  quando o numinoso se manifesta a um individuo. Otto propõe que única forma de se compreender o irracional no sagrado é ter tido uma experiência pessoal com o sagrado, Isso é tão importante, que no terceiro capitulo, ele sugere que quem não tiver tido uma experiência religiosa ou não for capaz de se recordar de uma experiência deste tipo, que não continue a ler o livro. O que se diz acerca do numinoso, só faz sentido por encontrar eco na experiência vivida.

Desse modo, para se aproximar do aspecto irracional do Sagrado, Otto tomou como referência as reações afetivas dos indivíduos frente ao numinoso, ou seja, as sensações provocadas pelo sagrado nos individuos. (Isso é um dado interessanate, pois, ao optar em discutir o numinoso a partir das reações afetivas, ele saiu do âmbito filosófico e metafisco, fez psicologia da religião.)

O numinoso, entretanto, não se manifesta de uma forma simples, mas, complexa, Otto propôs uma formula básica para expressar essa complexidade, segundo Otto o numinoso é o mysterium tremendum et fascinans (mistério terrível e fascinante).

O mysterium corresponde a forma como o numinoso se manifesta. É o mistério, o desconhecido, incompreensível. Que quando manifesto se faz perceber como algo distinto da realidade que experimentamos, é o totalmente Outro.

Apesar de ser um mistério, ao se manifestar o numinoso é perceptível, Otto dizia que o sagrado se faz perceber pelo “arrepiar dos pêlos”, pelo “tremor dos joelhos”. Esse mistério  causa arrepios, se apresentando em dois aspectos qualitativos: o Tremendum e oFascinans.

O Tremendum é o aspecto negativo ou repulsivo do sagrado, onde a manifestação nos impele para trás, que nos impõem o temor. Ele pode ser percebido sob três formas: Tremendum, majestas e orgé.

O Tremendum é o terrível no sagrado; é o que nos faz tremer, que causa calafrios, que nos traz a sensação de risco a nossa integridade. Em nossa cultura cristã, podemos observar esse aspecto relacionado ou ao que seria demoníaco ou relacionado ao demônio ou em experiências místicas. No antigo testamento, Deus impunha temor, era o Deus que castigava, punia até a “segunda e terceira geração”. Nos dias de hoje percebemos esse “temor” na crença ou no Diabo como opositor, ou no castigo divino sentir o “peso da mão de Deus”.

O Majestas está relacionado com o poder ou a majestade com qual a experiência se apresenta. Nesse aspecto o misterium nos coloca na posição de pequenez, impotência, finitude, é o desesperador sentimento de finitude frente ao infinto produzindo o sentimento de criatura diante da grandiosidade deste Outro.

O terceiro aspecto é o Orgê que é a energia do numinoso. Que se faz manifestar na “vivacidade, paixão, natureza emotiva, vontade, força, comoção[ii]” gerados no individuo pelo contato com o objeto numinoso.

Esses aspectos são percebidos como repulsivos pois geraram o terror, o medo. E são percebidos como algo exterior a nós mesmos, algo que nos atinge.

O Fascinans é o aspecto positivo ou atrativo do sagrado, que é formado por dois aspectos, o augustus que impacta o individuo com a sensação de pureza, santidade; e o sebastus que se manifesta impondo o prudência, reverência, veneração.

A sensibilidade de Otto ao descrever o Numinoso possibilitou não só uma compreensão teórica do Sagrado ou da experiência religiosa, mas, também a possibilidade de compreendermos a experiência religiosa pela psicologia. O Numinoso não é uma noção teológica ou metafísica, mas, uma noção pautada na descrição da experiência do sagrado, a compreensão do numinoso como o aspecto irracional do sagrado que invade e toma o individuo, permitiu que Jung pudesse também aproximar a noção de numinoso da noção de arquétipo e de inconsciente.

O Arquétipo de C.G. Jung

Acredito que Jung dispensa apresentações. Mas a complexidade do conceito de arquétipo nos impõe uma constante reflexão sobre o mesmo.

Em primeiro lugar, é importante pensarmos no arquétipo num sentido amplo, não apenas como um conceito em si. Podemos pensar o arquétipo como uma categoria a priori necessária para pensarmos e compreendermos os fenômenos psíquicos,  que fogem ao âmbito histórico tanto do individuo quanto do grupo no qual o individuo esta inserido. E que podem reconhecidos nas diversas culturas, seja comportamentos ou por narrativas míticas.

Assim, quando falamos em arquétipo estamos nos referimos a uma categoria de padrões basais de organização e orientação psíquica comuns a todos os seres humanos, pois sua origem e desenvolvimento remontam a historia evolutiva humana.

Como padrões basais de organização, os arquétipos são a base da organização da consciência. E por isso que Jung afirma que o arquetipo-em-si não atinge a consciência. Pois, isso comprometeria a organização do ego e da consciência.

Deste modo, o arquétipo é estranho a consciência, nós somente apreendemos suas representações . Eu prefiro usar o termo representação arquetípica no lugar de imagem arquetípica. Isso porque imagem no uso comum tem um apelo visual, gerando um pouco de confusão.

Os arquétipos podem se manifestar ou se representar em nossa realidade como:

1 – Complexos de Tonalidade Afetiva: Os complexos são centros ordenadores de nossa experiência pessoal. Os complexos são atualização dos arquétipos em nossa realidade pessoal, pois, é em torno da tendência arquetípica que vão se organizar os complexos. Por isso, que podemos compreender a dinâmica de um complexo a partir os aspectos arquetípicos – como as representações culturais – mitos e contos de fada.

2 – Representações Simbólicas Culturais: São as manifestações arquetípicas na consciência coletiva. Que podemos perceber nas narrativas mítico-religiosas e na iconografia religiosa, cuja estrutura é similar nas mais diferentes culturas.

3 – Representações Simbólicas pessoais – Os símbolos correspondem a atualização do arquétipo através da projeção em situações ou imagens que correspondem arquétipo. Os símbolos podem ser ícones (como a cruz, um santo) ou situações típicas que marcam a vida – como o “sair da casa dos pais”, um “rompimento ou uma perda afetiva”. São situações que imprimem um significado maior aos indivíduos.

4 – Representações Corporais: Os arquétipos se expressam no corpo, através sentimentos, emoções, posturas que assumimos inconscientemente e que condicionam nosso modo ser, e perceber a vida. Essas representações corporais que são tão bem descritas pela psicologia corporal – em especial a analise bioenergética.

Essas formas de representação arquetípica demonstram a amplitude da idéia de arquétipo, que vai desde o aspecto cultural ao físico.

O que não podemos perder de vista, que quando o arquétipo se constela ou se manifesta, ele traz uma energia característica à consciência, fazendo com que o ego seja atraído e se submeta(mesmo que temporariamente) a dinâmica arquetípica. Ou melhor, ele passa a ser orientado pelo arquétipo.

Os arquétipos constituem o pano de fundo de nossa realidade. E, na maioria das vezes não nos apercebemos disso, pois, não nos damos conta de que cada representação arquetípica citada é um nível manifestação do arquétipo, e que é geralmente inconsciente.

Arquétipo e o Numinoso

A relação entre o arquétipo e o numinoso, fica clara quando a representação arquetípica se constela na consciência. Quando o arquétipo se constela, o ego vai experimentar essa manifestação com um caráter compulsivo, que pode ser experimentado como um fenômeno restaurador – ou seja, que vai fortalecer o ego, mas, limitar a liberdade do ego – ou como algo ameaçador que colocaria o ego em xeque, provocando uma profunda desestabilização do ego (chegando até uma possível ruptura psicótica).

Por exemplo, a experiência arquetípica é restauradora quando ela emerge no meio de uma crise, dando um norte para o ego. Isso é muito comum nas conversões religiosas, onde, com individuo num momento de crise, eclode um símbolo cuja intensidade e a força de atração é tão forte, que o ego se ordena em função disso. Nesse mesmo nível, podemos pensar nas constelações onde um individuo se separa, larga toda sua vida para viver uma paixão que todos vêem como absurda, ou mesmo se converte a uma religião e assume uma atitude fanática. O ego fica fascinado pelo arquétipo. Nesse caso o ego supera a crise, mas, paga o preço perdendo de sua autonomia, ficando identificado pela imagem arquetípica .

No outro caso, o arquétipo ou a representação arquetípica se coloca como uma ameaça iminente seja pela projeção da sombra, pela paranóia e estc.., No transtorno obsessivo compulsivo, p.ex., onde o individuo tem pensamentos dos quais tem que se defender, ou pela síndrome do pânico onde há a sensação de morte iminente, que é a própria ansiedade de ruptura do ego.

Em sua possibilidade de manifestação, o arquétipo pode ser terrível e fascinante. Por isso Jung afirma que o arquétipo é numinoso ou que o arquétipo possui “numinosidade”, pois os a constelação arquetípica observada no consultório apresentava as mesmas características que Otto descrevera da experiência do Sagrado.

Devemos tomar cuidado, para não fazermos reduções, dizendo “Sagrado é Arquétipo”, nem que o “Arquétipo é Sagrado”, não estou falando na disso, apenas que são duas categorias que nos afetam de forma similar.

Outro aspecto que aproxima o pensamento de Otto e do Jung é a questão de irracional. Tanto o sagrado quando o arquétipo são idéias ou conceitos, que não se aprende racionalmente, é necessário viver a experiência do sagrado ou do arquétipo para compreendê-las. Por exemplo, quem não sentiu o poder sedutor da anima, vai ter dificuldade para compreender a angústia de um cliente fascinado pela anima. Quem não se confrontou com o Mal em si próprio, vai ter dificuldade para compreender o Mal ou a Sombra, no cliente. Por isso que para se compreender a psicologia analítica, é necessário viver os conceitos.

O Numinoso na psicologia analítica aponta justamente para isto:  omistério terrível e fascinante que nos organiza e nos constitui. Que nos confronta com quem somos, e assim, nos conduz a nós mesmos.

OTTO, Rudolf. O Sagrado: os aspectos irracionais na noção de divino e sua relação com o racional, São Leopoldo:Sinodal/EST; Petropolis: Vozes, 2007.


[i] Cf. O sagrado, p. 15.

[ii] Cf. O Sagrado, p. 55

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Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS). Formação em Hipnose Ericksoniana(Em curso). Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

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Anima e Animus

Nota esse  texto está incompleto, veja o texto: http://psicologiaanalitica.com/anima-animus-e-alteridade-reviso-do-texto-de-05042010/

5 de abril de 2010

A Anima e o animus são pólos de manifestação da mesma dinâmica arquetípica, que vai reger as relações entre “Eu-Não-Eu”, isto é, as relações com o mundo externo os “Outros” e as formações do inconsciente que apreendemos como diferentes nós mesmos.

Anima e Animus derivam do mesmo termo latino Anima. Anima em latim significa “alma”.  Jung não compreendia a anima como alma num sentido “teológico”  ou “metafísico”.  A noção de alma estava mais próxima da concepção de Plotino, que compreendia como o principio vital, o principio de movimento e vida,  que organiza o mundo sensível.  A Anima correspondia a um principio de vida, uma dinâmica que mobilizaria e impeliria a ação. Por outro lado, o Animus, seria o género masculino de anima, era utilizado para se referir a “parte pensante” da alma, no inicio da idade média o uso de animus cedeu espaço para o termo spiritus,  já o sendo associado a um principio relacionado a força, ação, racionalidade, intelectualidade e ao sentido.

A diferenciação de anima e animus se manifesta  no processo de formação Ego. Ao longo do desenvolvimento do indivíduo,  no caso do menino, os aspectos do feminino cultural tendem a ser rejeitados, por se demonstrarem incompatíveis com a identidade do ego masculino.  Esses aspectos femininos incompatíveis com o Ego, embora, necessários para a vida humana, são relegados ao inconsciente, onde formarão um complexo funcional, que será composto dos tanto pelas experiências pessoais que o individuo terá com figuras femininas(mãe, professora, irmã etc…) quanto pelo aspectos do feminino cultural, que são impessoais, dando à anima o aspecto feminino complementar à identidade masculina do Ego. O mesmo processo ocorrerá na menina, dando forma ao animus.

Para comentar melhor essas duas polaridades desse arquétipo, devemos vê-los em sua peculiaridade.

Anima

Antes de continuar, devo dizer que a a Anima sempre me soou é poética.  Sempre que leio Vinicius de Moraes, a Anima me salta aos olhos. Assim, eu gostaria de compartilhar uns poucos versos de Vinicius de  Moraes, que certamente nos ajudarão a pensar um pouco acerca da Anima.

Soneto do corifeu

São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.

Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.

A  Vida Vivida

(…)

O que é a mulher em mim senão o Túmulo
O branco marco da minha rota peregrina
Aquela em cujos abraços vou caminhando para a morte
Mas em cujos braços somente tenho vida?

(…)

Vinicius de Moraes,http://www.viniciusdemoraes.com.br/poesia/index.php

No livro “Os Arquétipos e o Iconsciente coletivo” (p.42)  Jung se refere a Anima como o “arquétipo da vida”.  A Anima é uma configuração do inconsciente,  ou seja, uma forma como o inconsciente se manifesta,  que agrega os elementos fundamentais a manutenção da dinâmica psíquica, ou seja, possibilita que o Ego seja nutrido e estruturado pela dinâmica psíquica.

Jung se referia a Anima como “psicopompo” ou “guia da alma”, por ser a estrutura psíquica que permitiria ou viabilizaria a relação da consciência com o inconsciência, pois Anima fascinaria o Ego.  Esse fascínio Vinícius de Moraes brilhantemente chamou, no soneto acima, de  ”os perigos desta vida ” , pois a Anima, pode mudar drásticamente  a vida de um homem – especialmente quando ela está inconsciente, pois, assim pela pode ser projetada, e geralmente numa figura feminina.  Toda projeção é uma forma do inconsciente se comunicar com a consciência, indicando o que o individuo precisa para seu desenvolvimento.  Nós vemos essas projeções no cinema, na literatura e no dia a dia em relacionamentos que mudam a vida do homem (ora para melhor, ora para pior) gerando uma espécie pode dependência da mulher, muitas vezes são relacionamentos que ninguém consegue compreender como podem ocorrer.

Além dessas situações ou relacionamentos inusitados, a anima também está relacionada com a sensação de completude “ao encontrar a alma gêmea” ou a “cara metade”. Por isso,  a perda de um amor pode se tornar tão dramática, pois, não  representa apenas não só a perda de um relacionamento, mas a perda da própria alma .  É como Vincius de Moraes diz “Aquela em cujos abraços vou caminhando para a morte, Mas em cujos braços somente tenho vida?”.  Ele não fala de  uma mulher, mas, da Mulher que está além de toda mulher.

Quando o individuo foge ou evita ter contato com a anima, mantendo a projeção, pode ocorrer riscos ao relacionamento, pois, o ele terá uma certa idealização (própria da anima) da pessoa com quem ele está. O que pode gerar situações como uma cobrança exagerada (idealizada) com a pessoa com quem ele se relaciona, ou quando a pessoa, quando essa pessoa exige seu espaço para ser ela mesma, tornando a projeção inadequada. A tendência é a se deslocar para um outra pessoa, reiniciando o ciclo de projeção.

A integração da Anima corresponde a integração de uma parte da experiência humana que chamamos de feminino, que é um passo para o desenvolvimento de nosso potencial, e fundamentalpara compreendermos quem somos e para lidarmos com o mundo de uma forma mais plena e integra.

Animus

Jung escreveu muito pouco acerca do animus, se compararmos com o volume de material produzido sobre a anima. sem sombra de duvida a anima era de real interesse para jung. Grande parte dos trabalhos produzidos acerca do animus foram realizados pelos alunos, ou melhor, alunas. dentre as quais podemos citar sua esposa Emma Jung, Toni Wolf, Esther Harding e Marie-Louise von Franz.

Acredito que o entendimento sobre o animus e sua dinâmica seria muito mais fácil se estudássemos a genial da obra de Clarice Lispector. Suas páginas estão repletas de contelaçôes do animus. desde sua forma mais primitiva(projetada) no rato ruivo morto que conduz a experiencia verdadeira de si mesma, na barata que conduz a uma reflexão ética, ao búfalo que com os olhos cheios de odio lhe ensina a força. outros como o homem gordo que chora enquanto come seu macarrão ou cego mascando chicletes produzem um incomodo a ponto levantar questionamentos acerca da vida.

um ponto comum entre anima e animus é a alteridade. eles sempre nos conduzem a experiencia do outro, seja pela busca da “mulher dos meus sonhos” ou na busca do “príncipe encantado”. que nos levará a uma experiencia com o ics como um outro dentro de mim mesmo. clarice demonstra como a experiencia desse “outro externo” se torna a experiência do “outro interno” promovendo um dialogo interior que redimensiona a vida.

É importante considerar, que ao contrário da anima que geralmente se manifesta como “uma mulher misteriosa” nos sonhos, o animus é plural, se manifesta numa variedade de imagens, ou mesmo como um  grupo (juri, conselho editorial), não numa forma fixa.

Jung dizia que, ao contrario da anima que o homem deve buscar, o animus a mulher deve resistir, para não ser dominado por ele. Isso, pois, em nossa cultura há uma valorização do masculino, o que favorece uma identificação com o animus. Assim, a mulher deveria resistir ao ímpeto do animus, mas, dialogar com animus, sem perder a sua identidade feminina.

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Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS). Formação em Hipnose Ericksoniana(Em curso). Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

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Subjetivismo, Realidade Psíquica e Esoterismo

 

(31de março de 2010 )

Um dos problemas que incomodam fortemente a todos que são psicólogos sérios, estudiosos sérios de psicologia analítica, é  a constante relação que é feita entre Jung e o esoterismo.  Essa constante relação faz com que a psicologia analítica seja acusada de ser um culto, como fez Noll, ou de Jung ser aclamado como um “Guru” ou um “Mestre Iluminado”.  Essa visão fanática ou essa apropriação da psicologia analítica por religiosos indicam sobretudo que as pessoas leem pouco os textos de Jung, passando a ler apenas comentaristas ou os textos autobiográficos de Jung.

Para compreender essa associação entre a psicologia analítica e o esoterismo devemos observar algumas coisas:

1 – Modelo epistemológico adotado por Jung:

A Obra junguiana é marcada pelo Subjetivismo, que é uma perspectiva epistemológica onde a possibilidade do conhecimento é determinada pelo sujeito (pelo ser pensante).

Assim, nessa perspectiva, o conhecimento do exterior ou dos objetos é incerto, a única experiência verdadeira e realmente acessível ao sujeito é a experiência interior.  Essa perspectiva adotada por Jung contribuiu, segundo Nagy (2003, p.48), para seu isolamento tanto da comunidade cientifica quanto das comunidades filosóficas e teológicas. Uma forma de apreender o subjetivismo em Jung é o conceito de Realidade Psíquica, que é a realidade do sujeito, isto é, o modo particular e próprio de cada sujeito experimentar  o mundo (tanto interior quanto exterior). Assim, toda formação inconsciente é real e verdadeira para quem a experimenta. De forma geral, quando se assume  o ponto de vista da “realidade psíquica” o mundo dos objetos ou as verdades coletivas tem menor importância. No livro “Memórias, sonhos e reflexões”, Jung torna bem clara essa concepção quando afirma ”

Assim, pois, comecei agora aos oitenta e três anos, a contar o mito de minha vida. No entanto, posso fazer apenas constatações imediatas, contar histórias. Mas o problema não é saber se são verdadeiras ou não. O problema é este: é aminha aventura a minha verdade? (JUNG, 1975, p.19)

Como o próprio texto de Jung indica, o fundamental é sua experiência interior, sua percepção de sua vida.

A postura subjetivista é em larga escala incompatível com a atitude científica. Jung não tinha a menor dúvida disso, afinal, durante quase 10 anos, ele foi pesquisador no hospital Burgholzli, seus estudos acerca de associação de palavras lhe renderam reconhecimento acadêmico justamente por seguir um rigoroso protocolo científico.   Contudo, frente às formações do inconsciente e à prática da clínica era necessário uma postura que visasse compreender o que ocorria com o paciente a partir da própria perspectiva do paciente. Assim, a atitude subjetivista na prática clínica pode ser traduzida como um respeito profundo ao cliente, pois se assume, que somente o cliente tem a verdade acerca si mesmo, o terapeuta tem a função de auxilia-lo a encontrar a si mesmo, sua história e sua verdade.

A grande questão colocada em relação ao “esoterismo” é que ao defender que o fundamental é a experiência interior, Jung reconhece a validade das experiências religiosas como experiências psíquicas, não como algo sobrenatural. Pois, o subjetivismo acaba por negar ou desconsiderar não só a experiência objetiva, mas, a experiência transcental  ou divina que esteja para além do homem. Assim, este modelo junguiano aceita a experiência mística ou religiosa como uma experiência interna do sujeito, uma experiência psíquica, que nos revela aspectos da realidade psíquica daquele individuo.

2 –  Jung e suas experiências pessoais

Devemos considerar que Jung era oriundo de uma família religiosa, o pai, avô e sete de seus tios eram pastores. Alguns de seus parentes, como uma prima, se envolveram com o espiritismo. Assim, a sua vida foi rica de experiências e relatos da experiência religiosa e seus efeitos sobre os indivíduos. Como Jung era um tipo introvertido, essas experiências o marcaram profundamente. Como a religião foi nos primeiros 20 anos uma realidade cotidiana, não é de se estranhar que ela continuou a motivar ou incomodar Jung.

Em poucos meses, será lançado em português o “livro vermelho” de Jung, que compreende uma série de reflexões,  imagens, sonhos de Jung.  Muito já tem sido dito acerca de Jung a partir de um julgamento desta obra. O que me recorda de Richard Bach, no livro Fernão Capelo Gaivota, que diz que o preço de não ser compreendido é ser classificado de diabo ou de deus.

As experiências de Jung são a medida de Jung, fazendo parte do processo de individuação dele. Jung é claro na ênfase em colocar que “é a minha aventura a minha verdade?” como questão fundamental, ele não impunha sua percepção como paradigma.

3- Os Junguianos e realidade psíquica

Muitas das relações feitas da psicologia analítica se devem também a postura permissiva dos junguianos. Nagy faz um comentário interessante:

Entre junguianos ou nas sociedades profissionais e nas comunidades que cercam seus diversos institutos de formação, o argumento subjetivista teve, frequentemente, o efeito devastador de fazer calar o pensamento crítico e criar uma espécie de atmosfera confessional. (…) Grupos periféricos e seitas diversas podem se ligar aos centros junguianos, porque os junguianos aceitam experiências que não são cientificamente comprovadas.  Náo é fácil tomar uma posição em direção a uma formulação teórica que expressa tipos fronteiriços de experiência, porque numa estrutura subjetivista toda experiência real é valida. Alguns junguianos diriam que é melhor não tentar discriminar – é melhor errar pelo lado da aceitação de todos os pontos de vista. Em todo caso, acrescentam, náo podemos saber o que é a verdade real; podemos apenas conhecer o que experimentamos individualmente. (NAGY, 2003, p. 50).

Nesse contexto, podemos compreender como que a defesa da percepção da realidade psíquica, fez com que houvesse uma abertura para a entrada de pessoas esotéricas nos meios junguianos, associando seus conceitos com os conceitos psicológicos de Jung. Essa omissão somada ao estudos de símbolos, mitos e imagens arquetípicas contribuíram para se criar essa imagem deturpada de que a psicologia analítica ou os junguianos são esotéricos.

Referências

Nagy, M. Questões Filosóficas na Psicologia de C.G. Jung. Petrópolis: Vozes.2003

JUNG, Carl Gustav, Memórias Sonhos e Reflexões, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.

 

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Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS). Formação em Hipnose Ericksoniana(Em curso). Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

Contato: 27 – 9316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@yahoo.com.br/ Twitter:@FabricioMoraes

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A Psicologia Analítica de C. G. Jung

A Psicologia Analítica de C. G. Jung[1]

A Psicologia Analítica é uma das mais antigas escolas de psicologia contemporânea. Surgindo da interação e divergência do trabalho de Carl Gustav Jung com a psicanálise de Sigmund Freud.

Jung utilizou a expressão “Psicologia Analítica” primeira vez em 1913, no “IV Congresso Internacional de Psicanálise”, em Viena, explicitando que sua forma de compreender tanto a dinâmica psíquica quanto pratica psicoterápica eram diferentes da psicanálise que Freud propunha. Este evento marcou o fim definitivo das relações de Jung com Freud.

Com a separação da psicanálise, Jung conciliou a sua prática clínica com seus estudos em diversas áreas[3] do conhecimento, fornecendo a Psicologia Analítica uma variada fonte de referenciais e fundamentações que fizeram da mesma uma teoria interdisciplinar em sua essência.

2.1 – Uma breve introdução biográfica

“Nosso modo de ser condiciona nosso modo de ver”

(JUNG, 1989, p.324)

Carl Gustav Jung nasceu em 26 de julho 1875 em Kesswill, uma pobre vila de pescadores no cantão da Thurgau, na Suíça. Sua família possuía poucas condições financeiras, pois seu pai era um pastor de um pequeno presbitério na zona rural, sua infância foi marcada pela religião e por discussões teológicas, pois além de pai, sete tios e o avô paterno eram pastores.

Apesar da pobreza financeira, Jung cresceu num ambiente intelectualmente rico, pois seu pai era doutor em filologia e possuía uma biblioteca relativamente rica, onde o jovem Jung passava longas horas. Devemos notar que, já no século XIX, a Suíça tinha um sistema educacional[4] exemplar, no ensino secundário, Jung aprendeu grego, latim, inglês, elementos de álgebra, trigonometria e cálculo e história da civilização. No período de adolescência, Jung se tornou um leitor voraz, se aproximando de Platão, Aristóteles, Kant e Schopenhauer.

Em 1895, aos 20 anos, ingressou na faculdade de medicina da Universidade da Basiléia. Jung demonstrava o maior interesse em “teoria evolucionária” e anatomia comparada, aos domingos dedicava-se ao estudo de Kant, von Hartmann e Nietzsche. Ingressou na Fraternidade Estudantil Zofingia, onde participava de debates e pronunciava conferências no campo da filosofia e teologia. “[…] As conferências pronunciadas em Zofingia revelaram sua fascinação pela filosofia não partilhada por outros psicanalistas eminentes, Freud em especial.” (McLYNN, 2002, p. 59).

Logo ao se formar em 1900, Jung foi trabalhar no Hospital Psiquiátrico Burghözli, sob a orientação de Eugen Bleuler. No Burghözli, Jung desenvolveu pesquisas sobre a, então chamada, dementia praecox, e pesquisas sobre associações de palavras que culminaram na teoria dos complexos de tonalidade afetiva em 1904. Seus estudos sobre complexos o aproximaram dos trabalhos de Freud, pois Jung encontrou elementos que corroboravam a teoria de Freud sobre a repressão, deslocamento, simbolismo e amnésia sistemática.

Jung reconhecia as descobertas de Freud no campo das neuroses, embora não concordasse totalmente com o fato de ser sexual o pano de fundo das neuroses. A característica afetiva ou emocional dos complexos estava mais relacionada a uma “energia” psíquica, que não se podia afirmar ser sexual. Essa concepção nunca se perdeu em Jung, embora somente 1912 ela foi claramente retomada.

Com base em seus próprios estudos, Jung passou a militar junto a Freud. Em 1906  iniciou a troca de correspondência, culminando no encontro em 1907, que durou cerca de 13 horas, dando inicio a uma amizade que duraria, oficialmente, sete anos.

O rompimento entre Jung e Freud foi lento e gradativo.  Em suas Memórias (1975) Jung afirma que o afastamento com Freud se iniciou em 1909, quando viajaram para os Estados Unidos para as comemorações do ducentésimo aniversário da Universidade Clark, e se tornou definitivo em 1912 com a publicação do artigo Metamorfoses e símbolos da libido[5].  Nos dois anos que se seguiram Jung e Freud já não tinham um relacionamento amistoso, em 1914, Jung se demitiu da presidência da IPA (Associação Internacional de Psicanálise), qual foi presidente desde sua fundação em 1910.

A publicação de Símbolos da Transformação, que foi apenas a ponta do iceberg das divergências entre Jung e Freud, que já se acirravam há algum tempo.  Foram vários os fatores que levaram a esta separação, tanto de ordem pessoal quanto teórica. Dos fatores de ordem teórica, como já citamos, estava a teoria da sexualidade, que Jung aceitava somente em parte. Isto era patente desde a publicação da “Psicologia da Dementia Praecox” de 1906, no qual Jung afirmou no prefácio:

[…]Se admito, por exemplo, os mecanismos complexos dos sonhos e da histeria, não significa, de forma alguma, que atribuo ao trauma sexual da juventude uma significação exclusiva, como Freud parece fazer; muito menos que eu coloque a sexualidade em primeiro plano, acima de tudo, ou lhe confira universalidade psicológica que, como parece, é postulada por Freud, pela impressão do papel poderoso que a sexualidade desempenha na psique. (JUNG, C.G. 1999b, p.2).

Anteriormente em 1909, nas comemorações do aniversário da Universidade Clark, ao ser questionado sobre as experiências infantis e seus efeitos na determinação da Personalidade Jung como resposta apontou o modelo de educação dos pais como um determinante da personalidade, não fazendo qualquer menção às teorias freudianas (MULLHAHY, 1978). Antes do rompimento definitivo, foram vários os momentos em que Jung ou se omitiu ou se posicionou contrário ao pensamento freudiano.  Outro ponto que gerava e discordâncias eram os resíduos arcaicos.

A expressão “resíduos arcaicos” foi cunhada por Freud para expressar as “[…] formas psíquicas cuja existência não pode ser explicada pela experiência pessoal, e que representam formas primitivas, inatas e herdadas pela mente humana” (JUNG, 2000a, p.229), que podem ser encontrados em sonhos e delírios de pacientes psicóticos. Esses resíduos despertavam o interesse de Jung, que sempre fora interessando por história, arqueologia e teologia, que via uma clara relação entre esses resíduos comuns da história humana com o cotidiano tanto de pacientes psicóticos quanto neuróticos. Freud, ao contrário, evitava discussões que iam além de suas postulações.

Concomitante com seus estudos os resíduos arcaicos, Jung tornava pública sua forte discordância de sobre a natureza sexual da libido, que foi expressa no livro “Símbolos da Transformação” , de 1912. Nesse livro, Jung fez a análise de alguns poemas de “Miss Miller”, uma jovem americana que após uma viagem à Europa em 1898 desenvolveu uma “perturbação esquizofrênica”[6] Nessa análise Jung demonstrou a intima relação das fantasias que antecederam o surto esquizofrênico com os chamados “resíduos arcaicos”, e por consequência, com a esfera psíquica inconsciente que apresentava um caráter mitológico.

Na segunda parte Jung se dedicou à discussão do conceito de libido de Freud, questionando claramente sua origem sexual e seu papel nas neuroses.  Afirmava que a “[…] libido era um apetitus em seu estado natural. Filogeneticamente são as necessidades físicas como fome, sede, sono sexualidade, e os estados emocionais, os afetos que constituem a natureza da libido” (JUNG, 1999a, p.123). Jung já expunha suas novas concepções sobre a natureza da libido em palestras, como nos EUA, em setembro de 1912, voltando a fazê-las em março 1913.

Nessas viagens aos EUA, Jung visitou hospitais psiquiátricos com o intuito de estudar os delírios e sonhos de pacientes negros. Constatou que não havia diferenças entre os delírios de negros esquizofrênicos e brancos (McLYNN, 2003). Essa constatação foi especialmente importante em sua postulação de um inconsciente que fosse coletivo, comum a toda a humanidade.

Jung reunia dados que cada vez o afastavam mais de Freud. Os resíduos arcaicos, presentes nos delírios tanto de negros e brancos esquizofrênicos quanto de pacientes neuróticos, tinham um caráter mitológico e que pouco se relacionava aos impulsos sexuais. Com o livro “Símbolos da Transformação” Jung inicia seu caminho próprio, como ele mesmo diz no prefácio à quarta edição.

Assim, este livro se tornou um marco, colocado no lugar onde dois caminhos se separam. Por sua imperfeição e suas falhas, ele se transformou no programa dos próximos decênios de minha vida. (…) Este livro foi escrito em 1911, quando eu contava trinta e seis anos de idade. Esta é uma época crítica, pois representa o inicio da segunda metade da vida de um homem, quanto não raro ocorre uma metanóia,uma retomada de posição nada vida. Eu bem sabia, na ocasião, do inevitável  rompimento com Freud, tanto no trabalho como na amizade (JUNG, 1999a, p. XIV–XVII).

Apesar de duas tentativas frustradas de reencontro por parte de Jung no ano 1938, nunca mais eles se encontraram.  A ruptura com a psicanálise e com Freud foi um choque para Jung.

Depois da ruptura com ele, todos meus amigos e conhecidos se afastaram de mim. Meu livro não foi considerado uma obra séria. Passei por místico e desse modo encerraram o assunto. Riklin e Maeder foram os únicos que ficaram a meu lado. Mas eu tinha previsto a solidão e não me iludi acerca das reações dos pretensos amigos. Muito pelo contrário, refleti profundamente sobre o assunto. Sabia que o essencial estava em jogo e que deveria tomar a peito minhas convicções. Vi que o capítulo “O Sacrifício” representava o meu sacrifício. Isso posto, pude recomeçar a escrever, se bem que soubesse de antemão que ninguém compreenderia minhas idéias (JUNG,1975, p.150).

Jung considerou que a repercussão foi negativa, isto porque, frente a clara dissidência de Jung, um grupo de psicanalistas de diferentes nacionalidades fiéis e próximos a Freud criou um comitê para defender a ortodoxia e refutar quaisquer distanciamentos da obra de Freud. Coube a Sándor Ferenczi  criticar ou refutar o trabalho de Jung. Dessa forma, com essa critica negativa e inúmeros ataques aos seus trabalhos, foi inevitável desligamento de Jung das instituições psicanalíticas e o rompimento da amizade com Freud que o levaram a um período de forte instabilidade pessoal. Contudo, Essa crise foi o crucial para o desenvolvimento pessoal e teórico, podemos dizer que Jung foi queimado pelo fogo com o qual trabalhava. Como mais tarde ele escreveria na introdução de seu livro “Psicologia e Alquimia”: “[…] Ninguém mexe como fogo ou veneno sem ser atingido em algum ponto vulnerável; assim, o verdadeiro médico não é aquele que fica ao lado, mas sim dentro do processo” (JUNG, 1994, p.19).

O confronto de Jung com sua própria vida e história, durou cerca de quatro anos, os mesmos da Primeira Guerra Mundial, esse período de relativo isolamento Jung lançou os fundamentos de seus principais conceitos e técnicas, sobre os quais Jung passaria próximas décadas de sua vida desenvolvendo[7].

O livro “Tipos psicológicos” de 1921 marcou o fim do seu período de reclusão. Neste livro, Jung expôs sua compreensão sobre a dinâmica da consciência e apresentou sua perspectiva epistemológica, propondo que a relação do indivíduo com o mundo, isto é, a forma como um sujeito perceberia o mundo dependeria de cercas características do próprio sujeito, que poderiam ser expressas por seu tipo psicológico.

Em outras palavras, seria o mesmo que afirmar que um grupo de observadores poderia registrar o mesmo fenômeno e os registros serem incompatíveis, sem que isso significasse um erro, pois cada um observou fenômeno sob o aspecto que lhe é peculiar. Dessa forma, não haveria a verdade ou a verdade verdadeira, mas sim verdades.

A postura epistemológica apresentada por Jung, inicialmente nos tipos psicológicos e desenvolvida ao longo de sua obra, era incompatível com o modelo de ciência vigente na comunidade científica, isto contribuiu com o preconceito de que Jung não era cientificamente sério ou adequado. Somente nas ultimas décadas do século XX, com o desenvolvimento do paradigma da pós-modernidade é que percebemos que Jung a frente de seu tempo, vislumbrando elementos próprios da pós-modernidade.

Durante a década de 20, Jung se lançou ao mundo através de grandes viagens, indo a África mulçumana, a África negra onde pode ver povos pré-letrados e pré-industriais, e posteriormente foi aos Estados Unidos para conhecer os índios pueblo. Nessas viagens Jung pode por avaliar suas formulações teóricas e por meio da experiência direta com esses povos.

No final dos anos 20, Jung conheceu Richard Wilhelm, que era um importante sinólogo, que traduziu obras chinesas importantes, como o I Ching, o Tao Te King e o “O Segredo da Flor de Ouro”. Este último foi enviado a Jung para este fizesse um prefácio psicológico sobre este que era um livro da alquimia taoísta. As relações entre a alquimia e o inconsciente não eram novidade, pois, já haviam sido discutidas pelo o psicanalista Hebert Silberer. Entretanto, os símbolos presentes no livro O segredo da Flor de Ouro impressionou Jung, levando-o a se interessar pela alquimia ocidental. Marcando os desenvolvimentos futuros da psicologia junguiana.

Nos anos 30, Jung iniciou uma criativa amizade com o físico Wolfgang Pauli, que viria a ganhar o Prêmio Nobel de física em 1945. Esta amizade[8] aproximou Jung da física quântica, e contribuindo para que Jung se adequasse ao paradigma científico que surgia com a física quântica.

Com a ascensão de nazismo na Alemanha, em 1933, Jung, então vice-presidente da Sociedade Médica Internacional de Psicoterapia, cuja sede era na Alemanha, se viu na obrigação de assumir a presidência a pedido então presidente Ernst Kretschmer, que renunciou o cargo por temer o avanço do nazismo, uma vez que era judeu. A aceitação do cargo, fez com que surgissem boatos de que Jung fosse simpatizante do nazismo por assumir a sociedade, esses boatos alimentados por incidentes na administração da sociedade e pelo fato dele ter rompido com Freud. As acusações de anti-semitismo não cessariam mesmo depois de sua morte.

Deve notar dois pontos importantes geralmente negligenciados pelos acusadores, o primeiro é a estrutura da teoria junguiana que afirma que todos os indivíduos são iguais em sua matriz psíquica – tanto que em 1940, a obra de Jung foi proibida e queimada pelos nazistas nos países ocupados; e o fato de Jung ter entre seus colaboradores mais proeminentes judeus, como Erich Neumann, Jolande Jacobi e o editor de suas obras Gérard Adler.

Durante os anos 40, apesar de ter sido um período com a saúde debilitada, Jung produziu importantes trabalhos discutindo a dos símbolos tanto na religião quanto na alquimia. Com desenvolvimento da Psicologia Analítica foi fundado em 1948 o “Instituto C.G.Jung de Zurique”, a primeira instituição de formação de analistas junguianos.

Os anos 50 foram os anos do crepúsculo de Jung. Com a saúde debilitada Jung participava cada vez menos de atividades públicas. Em 1955, nas comemorações do 80º aniversário de Jung, foi fundada a “Associação Internacional de Psicologia Analítica”. Nesse mesmo ano, Emma Jung, sua esposa, morreu de câncer – um golpe que afetou o profundamente.

No final dos anos 50, os editores das obras de completas, apresentaram uma proposta para que Jung escrevesse uma autobiografia. Após um período de recusa, Jung aceitou “colaborar” com uma biografia, desde que fosse escrita por sua secretária, a Aniela Jaffé. A biografia foi composta parte por memórias escritas de Jung e parte por compilação feita por Aniela Jaffé a partir de entrevistas feitas por Jung. Como Jung não considerava que este era um livro seu, assim o “Memórias Sonhos e Reflexões”, publicado postumamente, não faz parte das Obras Completas.

Nesse mesmo período, Jung cedeu entrevistas importantes uma para a BBC de Londres e outra para o projeto do Dr. Richard Evans da Universidade de Houston, EUA, que foram chamadas de “Os filmes de Houston”.  A partir da repercussão da entrevista para a BBC, realizada por John Freeman, surgiu a proposta de que Jung escrevesse um livro acessível ao público leigo.   Após recusar a primeira proposta de escrever um livro para leigos, Jung teve um sonho onde ele estava num local público e falava para uma multidão de pessoas que com muita atenção o ouviam e compreendiam o que ele dizia. Após esse sonho Jung compreendeu que era necessário escrever esse livro e  aceitou a tarefa de produzir um livro para o amplo público, mas, em virtude de sua saúde e idade, estipulou que este deveria ser um trabalho coletivo, para o qual Jung convidou alguns seus principais colaboradores Dra. Marie-Louise Von Franz, Dr. Joseph Henderson, Dra. Jolande Jacobi e Sra. Aniela Jaffé.

Apesar de ter planejado o livro, supervisionado e dirigido o trabalho de seus colaboradores, Jung, não chegou a ver concluso seu último trabalho, pois veio a falecer 10 dias após terminar sua parte, em 6 junho de 1961,  Seus colaboradores concluíram este que veio a ser o último trabalho de Jung e uma das principais introduções à Psicologia Analítica.

Referencias bibliográficas

BAIR, Deirdre, JUNG – Uma biografia V. 1; São Paulo: Ed. Globo, 2006a.

BAIR, Deirdre, JUNG – Uma biografia V. 2; São Paulo: Ed. Globo, 2006b.

______________. Freud e a Psicanálise. Petrópolis: Vozes, 1989.

McLYNN, Frank. Carl Gustav Jung – Uma biografia, Rio de Janeiro: Record: 2 ed., 2002.

______________. Psicogênese das doenças mentais. Petrópolis: Vozes, 3. ed. 1999b.

MULLHAHY, Patrick. Édipo: Mito e Complexo – Uma crítica a teoria psicanalítica. 4 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.

JUNG, Carl Gustav, Memórias Sonhos e Reflexões, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.

______________. A Vida Simbólica v.1.  Petrópolis: Vozes, 2ed. 2000a.

________________. Estudos Experimentais, Vozes, Petrópolis,  1991a.

______________. Símbolos da Transformação. Petrópolis: Vozes, 3. ed.  1999a.

______________. Psicologia e Alquimia. Petrópolis: Vozes, 3. ed.  1994.

[1] Este artigo corresponde ao segundo capitulo da Monografia “O Lugar da Persona” , apresentado como Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação — Especialização lato sensu em “Teoria e Prática Junguiana” da Universidade Veiga de Almeida .

[2] Fabricio Fonseca Moraes é psicólogo clínico (CRP 16/ 1257), com orientação junguiana, especialista em “Psicologia Clínica e da Família” e especialista em “Teoria e Prática Junguiana”, com formação em Hipnose Ericksoniana.Contato: fabriciomoraes@psicologiaanalitica.com

[3] Como a filosofia, artes, alquimia, física quântica, história das religiões, teologia, mitologia, arqueologia.

[4] Foram utilizados referencias biográficas McLYNN, 2002; BAIR, 2006a ; BAIR, 2006b; JUNG, 1975.

[5] Em 1952, Jung alterou o título de Metamorfoses e Símbolos da Libido para Símbolos da Transformação,  a partir de agora utilizaremos o título atual.

[6] Jung não teve contato com a paciente, mas apenas com os escritos e comentários publicados em 1906 por Flournoy, que também era amigo de Jung. Contudo, em 1918 Jung teve contato com um psiquiatra americano que tratou Miss Miller, este afirmando que Jung teve uma percepção exata da “mentalidade” da paciente.

[7] Em 1916 Jung escreveu dois artigos “A Estrutura do Inconsciente”(cf. JUNG, 2001b) e  a “A função Transcendente” (cf. JUNG, 2000b), podemos dizer que nesses artigos estão os projetos de desenvolvimento de toda a Psicologia Analítica de Jung.

[8] Que durou até a morte de Pauli em 1958.

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Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)

Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS). Formação em Hipnose Ericksoniana(Em curso). Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos”  Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.

Contato: 27 – 9316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@yahoo.com.br/ Twitter:@FabricioMoraes

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